terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Parábola da Sereia

TORMENTO

Não percebe quando começa
Ao notar, já acostumou
Cada nota suave atrai
A voz não soa como as demais

O mar é calmo, aproxima
Ele quer vê-la, se anima
Alegria pura de menino
Talvez obra do destino

Cabelos longos, cacheados
Seios perfeitamente arredondados
Cintura fina, convida ao abraço
O barco segue alheio ao espaço

A voz aumenta
Surge a tormenta
Marinheiro cego pelo canto sedutor
Tolo jovem, crê que é amor

Ela sorri e ele se aproxima
Encontra as rochas de ponta fina
A nau afunda e ali termina
A aventura se torna ruina

Agarrado ao coral, passa a noite
Das ondas sofre o açoite
Amanhece e o sol se vai
Outra lua e mais outra

Chuva e frio
Vento e mar bravio
Sono e calor
Fome e dor

A ela não nada
Nem consegue soltar,
Fugir para o mar.
Tem medo de se afogar.

Ela já não canta
Mas a melodia ecoa
Não sabe se ainda sorri
Sequer se está ali.

Agarrado às pedras,
Sua maldição é olhar
Sem nunca enxergar
Através das próprias lágrimas.

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