segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A Fazenda

Voltei ontem de minha alegre viagem de fim de semana. Foram 3 agradáveis dias em uma fazenda longínqua na companhia de quatro garrafas de vodka, uma de rum, uma de vinho e meia de aguardente, além dos complementos para fazermos drinks, é claro. Ah é... Tinha umas nove outras pessoas por lá. E como não é só de vinho que vivem os seguidores de Dionísio, essas pessoas foram muito importantes. Quase todas.

Na primeira noite, bebemos pouco. Bem... A maioria bebeu pouco. Dois dos meninos beberam bastante. Um deles proporcionou o que eu considerei o primeiro momento dionisíaco da viagem. Ainda estávamos  conversando à mesa, quando ele soltou "deu vontade de ficar nú, alguém se importa?". Ninguém se manifestou e ele e suas roupas logo se separaram. Só isso. Teve vontade e ficou desnudo como se nada tivesse mudado. Como sou um bom amigo, fiz o mesmo um tempo depois. Um terceiro amigo se juntou a nós mais tarde.

Quatro falas de um outro colega merecem ser citadas aqui. Só pra constar, nenhuma delas foi dita em contexto sexual (nem a última).
- Seu pau é mais escuro que o resto do seu corpo?
- Você é circuncidado?
- Cara, como eu queria ser negão...
- Sua bunda tá geladinha. Tá gostoso.

No segundo dia, fomos nadar no rio antes do almoço. Em dado momento, o grupo se separou em duas patotas: a de maioria careta e a que podemos chamar de maioria bacante. Não é difícil imaginar em qual grupo eu estava.

Entrar num rio, numa cachoeira, numa lagoa ou no mar a noite e permanecer vestido há muito tornou-se um desafio hercúleo para mim. Tirei então minha sunga, pendurei num galho e alertei o pioneiro nudista da noite anterior, que logo fez o mesmo. As duas meninas que estavam conosco também tiraram seus biquinis e o menino que chegou depois também se desnudou. Ficamos nadando e conversando, com nossas partes pudendas cobertas pela água turva (e fria pra cacete) do rio.

Na hora de voltar para a casa, levamos nossas roupas de banho na mão e tivemos que passar por uma parte do rio que era beeeeeeem mais rasa. Pouca coisa mudou para nós (uma das meninas ficou d topless e a outra escondia-se com as mãos), já para os caretas que estavam por perto... Soube que um casal ficou chocado com o que viu. Não ligamos. Ainda ficamos um bom tempo sentados em umas pedras conversando e desfrutando daquela liberdade. Em dado momento, uma das meninas até trepou subiu em uma árvore para mergulhar como se fosse uma macaquinha sem pêlos.

Em casa, comemos churrasco e bebemos. Um de nós bebeu quase uma garrafa de vodka sozinho aquele dia. À noite, aquanudismo na piscina acompanhado de pizza pitsa e "eu nunca". Saímos. Conversamos e bebemos mais. Eu e mais um peladinhos. (As únicas fotos são desse momento, mas acho que vocês não querem ver...) "Você é circuncidado?" (Não tô com alzheimer, a pergunta é que foi repetida.) Mais tarde, voltamos a cair pelados na piscina: eu, dois meninos e uma menina. Novamente, conversamos, bebemos e brincamos. Uma dessas brincadeiras sem dúvida traumatizou os dois garotos, mas isso não vem ao caso... Aprendi uma importante lição: nunca passe o dia E a noite nadando pelado à base de vodka e faça sexo com sua namorada antes de dormir se você está há alguns dias com sintomas de resfriado.

Deixando a nudez de lado, fiquei meio preocupado que eu não pudesse trazer nada dessa viagem. Não falo de lembrancinhas ou coisas do tipo. Eu sou contra viajar por viajar e, já que fui, queria sentir que aprendi algo com ela. Talvez pareçam coisas bobas, mas sei que aprendi e que ensinei também.

Na primeira noite, movido pelo tédio, resolvi puxar um assunto polêmico: religião. Nenhuma costuma ser mais polêmica que a minha, então me encheram de perguntas sobre o que é ser um seguidor de Dionísio e creio que consegui tocá-los de alguma forma (não-sexual). Tanto foi assim que, no segundo dia, voltando do rio, tivemos que nos dividir em duplas para voltarmos a cavalo (outra coisa que aprendi é que eles não são tão odiosos quanto eu pensava, são um pouco menos) e passei cerca de 30min explicando para meu companheiro de montaria nossa filosofia de vida e meus projetos de evangelização dionização do mundo. Ao fim do passeio, a Sociedade Dionisíaca ganhou um novo profeta.

Também li um artigo de Cristiane A. de Azevedo entitulado A atmosfera religiosa no cotidiano da Grécia Antiga. Fala basicamente sobre festas, sacrifícios e jogos no lidar com os deuses. Suas idéias aparecerão aqui em algum momento.

E eu que achava que ia só me encher de comida boa e dormir na rede o fim de semana todo... Se o reality show A Fazenda fosse conosco, seria muito mais divertido...

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