flip 8

a Flip 2010 superou todas as minhas expectativas: a cidade é linda; a quantidade, qualidade e variedade de arte que você encontra no meio da rua é impressionante; os restaurantes, ótimos; as palestras, enriquecedoras; ainda por cima descobri a festa à fantasia Paraty Fantasy, que é bem legal.

aí vão algumas coisas interessantes das palestras que eu vi:

Andar com fé ("Crítico britânico fala sobre livro que contra-argumenta ideia pregada pelo escritor Richard Dawkins, convidado da Flip em 2009, sobre ateísmo e religião")

os argumentos do palestrante Terry Eagleton giraram em torno da ideia “estamos presos num impasse dialético entre excesso de crença e pouca crença”. ele acredita existir uma ausência de fundamentos no racionalismo ateísta de Dawkins e de grande parte dos ateus. ele não é contra o ateísmo, mas se opõe a forma como muitas pessoas simplificam a questão da não existência de deus.

ele, que é intitulado e se auto entitula punk e marxista, diz que Marx acreditava que as pessoas deveriam trabalhar naquilo que gostariam e o quanto gostariam, ou seja, que o trabalho não deve ser um impedimento na busca do prazer e da satisfação. ele foi superficial, mas pretendo buscar mais informações sobre isso depois pois Marx passou a soar pra mim muito mais interessante com todas essa ideias de liberdade no seu pensamento.

duas frases interessante de Terry:
“Se há alguma religião moderna, é o nacionalismo.”
“O capitalismo não liga para em que as pessoas acreditam, contanto que não ataquem o capitalismo.”

Albany, Nova York e Outras Aldeias ("Mesa debate a cidade como personagem central de uma obra literária")

o panfleto da Flip dizia que a discussão principal dessa mesa seria em torno da "hipótese de que histórias muito localizadas poderiam ter, em seu conjunto, tantas convergências que o local termine representando o universal". ou seja, abordaria o questionamento: será que, se analisarmos a fundo uma cidade ou uma micro sociedade, podemos compreender qualquer coisa de universal sobre o ser humano?

depois de mais de uma hora de conversas pouco interessantes (na qual ouve, ao meu ver, apenas um pensamento que valha a pena mencionar: "as pessoas tendem a achar que os escritores são mais inteligentes que os demais. isso não é verdade"), o infeliz mediador resolveu tocar no assunto principal e os meros 5 minutos de discussão nada me acrescentaram. decepcionante.

A Origem do Universo ("Mesa debate a história dos quadrinhos contemporâneos e do underground norte-americano")

Robert Crumb criticou o convite feito a ele para a Flip (além de ele não considerar HQs uma forma de arte, ele se diz uma personalidade sem graça com um trabalho atraente), falou mal dos EUA, disse que perdeu a obsessão por sexo depois de velho e provou ser o personagem mais pop e interessante da Flip.

Gilberto Freyre e o Século 21 ("Mesa encerra a homenagem a Gilberto Freyre com debate sobre a atualidade da obra do sociólogo")

alguns pensamento de Gilberto Freyre mencionados na palestra:

• ele era contra o divórcio, mas a favor do homossexualismo e do sexo grupal
• ele dizia que "a verdade é poligâmica"
• ele acreditava ser mais bonito pecar às escuras do que pecar às claras