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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Nada a Declarar

Um artista fala sobre sua crise temática e sobre a mediocridade e a hipocrisia de nossa sociedade.Um curta escrito e dirigido por Gustavo Acioli.


domingo, 19 de dezembro de 2010

Zeitgeist

Se você está pensando em comemorar no nascimento de Jesus neste natal, pense melhor.

Zeigeist é um filme de 2007 produzido por Peter Joseph que aborda temas como Cristianismo, ataques de 11 de setembro e o Banco Central dos Estados Unidos da América (Federal Reserve). O filme é dividido em 3 partes:
  • "A maior história já contada"
  • "O mundo inteiro é um palco"
  • "Não se importem com os homens atrás da cortina"
O que nos interessa é apenas a primeira parte, que fala sobre religiões. Basicamente, ela faz comparações entre alguns (quase todos) elementos do cristianismo e religiões muito anteriores a ele.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Liberdade da Mente: Enquanto isso...

Diego Novaes é um amigo meu de outros tempos. Chargista, ilustrador, cartunista, ou como quer que ele se defina, adoro o trabalho dele. Seu trabalho é repleto de crítica social com uma ironia com que me identifico bastante. O blog possui, além de trabalhos seus, algumas imagens produzidas por outros chargistas, registros de encontros e eventos do mundo da ilustração e algumas notícias também ligadas a esses assuntos.


Nos conhecemos na época em que organizamos a 2ª Semana de Quadrinhos da UFRJ e quase nos matamos nas reuniões. Algum tempo depois, nos encontramos em uma situação mais amigável e pudemos nos tornar amigos de verdade. Entre as nossas afinidades, acredito que está esse senso crítico e a forma de expressar esse pensamento. Eu com textos e ele com desenhos. Aliás, uma das coisas que eu mais gosto é esse engajamento de suas charges, coisa que infelizmente vem desaparecendo dos jornais impressos pra dar lugar a charges tão vazias de conteúdo quanto de humor.

O Diego é estudante da Escola de Belas Artes da UFRJ, trabalha na redação de três jornais, atualmente coordena a Semana de Quadrinhos da UFRJ e publica profissionalmente na imprensa alternativa, sindical e institucional.

Por utilizar uma forma de arte para satirizar e fazer uma relevante crítica social, a Sociedade Dionisíaca recomenda o Enquanto Isso.... Este blog merece o Selo Dionisíaco por promover a liberdade da mente.


Pra ver os outros sites e blogs que possuem o selo dionisíaco de qualidade por promoverem a liberdade da mente, clique na guia Álcool.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Liberdade da Mente: Igreja Ateísta

A Igreja Ateísta, como é óbvio imaginar, é um blog ateu. O título irônico faz referência a uma das maiores fontes de alienação da história da humanidade: a religião em geral, especialmente a católica. Para o autor, ateísmo é o ato ou efeito de duvidar de você ou do resto do mundo. E, como bem disse o Francisco em um dos comentários aqui, perguntas são mais importantes que respostas.


É um misto de textos, frases, imagens, notícias e vídeos sobre moral, comportamento, religião, tabu, aborto, política, vida, morte, humor, cristianismo, ateísmo, homossexualidade, nonsense, democracia, igreja, hipocrisia, eleições, humanidade, ética, dogmas, opinião, Brasil, Jesus, educação, realidade, valores, povo, mídia, denúncias, planeta, filosofia, o papa, demagogia, nazismo, cotidiano, tecnologia, história, despeito, internet, informação, governo, burrices, bizarrices, saúde, maldade, islã, sociedade, cultura, universo, ética, perguntas, intolerância, televisão, crimes, ignorância, web, ideologia, bondade, futebol, pedofilia, deus, liderança, bíblia, expressão, mundo, curiosidades, lógica, evangélicos, ciência, espírito, alma, essas coisas caóticas...

Seu slogan (broadcast da mente livre) diz bastante a respeito do que se pode esperar do blog e também o por quê de eu recomendá-lo. Detalhe é que só fui reparar no slogan depois de decidir incluí-lo na Santíssima Trindade.

Por pregar contra religiões e toda e qualquer outra forma de postura castradora do exercício do livre pensamento, a Sociedade Dionisíaca recomenda a Igreja Ateísta. Este blog merece o Selo Dionisíaco por promover a liberdade da mente.


Pra ver os outros sites e blogs que possuem o selo dionisíaco de qualidade por promoverem a liberdade da mente, clique na guia Álcool.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Liberdade da Mente: Blog Filosofia e Vida

O Blog Filosofia e Vida é... bem... um blog que fala sobre... filosofia e... vida. Queria ter sido menos óbvio, mas creio não ser possível. O título já é bem descritivo.


Nem lembro como encontrei esse blog, mas ele me agradou bastante na época. As idéias ali expostas valem a leitura e, embora ele tenha um foco principal em assuntos como gestão de pessoas, mercado de trabalho e coisas assim, também fala de política, religião e outros assuntos interessantes.

Outro ponto importante do blog são os ensinamentos em forma de parábola. Histórias bonitinhas com lição de moral tornam o aprendizado bem mais divertido.

Por promover uma reflexão crítica sobre assuntos de relevância social, a Sociedade Dionisíaca recomenda o Blog Filosofia e Vida. Merece o Selo Dionisíaco por promover a liberdade da mente.


Pra ver os outros sites e blogs que possuem o selo dionisíaco de qualidade por promoverem a liberdade da mente, clique na guia Álcool.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Liberdade da Mente: Vinho e Sexualidade

O Vinho e Sexualidade é um site criado pelo Dr. Gerson Lopes, ginecologista e sexólogo apaixonado por vinhos.


"Quando me perguntam 'o que um médico sexólogo tem a ver com vinhos', geralmente respondo: 'tudo', pois o compromisso em ambos é com o prazer e a felicidade."

Vê-se que ele entende da coisa.

O site é dividido em três partes. Uma só sobre vinho, uma só sobre sexualidade e uma sobre vinho e sexualidade. Cada uma conta com seções de artigos, links, você sabia? e poesias e frases. As duas primeiras também possuem em comum as seções de cursos e agenda, sem contar as seções próprias de cada parte. São três (ótimos) sites em um.

Por falar sobre essa bebida alcoólica que tanto amamos e ainda relacioná-la com uma abordagem séria e responsável sobre a sexualidade, a Sociedade Dionisíaca recomenda o site Vinho e Sexualidade. Merece o Selo Dionisíaco por promover a liberdade da mente.


O artigo mais recente publicado em Vinho e Sexualidade chama-se "O Homem-Dioniso". Se isso não é um sinal, não sei o que mais seria.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Liberdade da Mente

"O vinho é a prova constante de que Deus nos ama e nos deseja ver felizes." (Benjamin Franklin)

Dionísio é o deus do vinho, da ebriedade, da metamorfose e dos excessos.

O Bêbado

"O vinho consola os tristes, rejuvenesce os velhos, inspira os jovens, alivia os deprimidos do peso das suas preocupações." (Lord Byron)


Quando seu grande amigo, o sátiro Ampelos, faleceu, Dionísio inconsolável derramou ambrosia em suas feridas. Das chagas, brotaram videiras e, ao espremer o suco das uvas, o deus criou o vinho.

"Amigo, a partir deste instante, serás o remédio mais poderoso contra as dores humanas."

Dionísio, passou a percorrer o Oriente, levando a cultura da vinha ao Egito, à Síria, à Índia... Desde então, bebemos vinho para afastar as mágoas, aquecer no frio, criar coragem, comemorar ou simplesmente porque é bom.

Mas sejamos sensatos. Dionísio só é deus do vinho porque naquela época eles não possuíam tecnologia e conhecimentos para destilar (e por falta de trocas culturais). Caso contrário, Baco seria deus do vinho, da cerveja, do sake, da cachaça, da vodca, do conhaque, do pisco, do uísque, da tequila...

O Questionador

"No vinho está a verdade." (Plínio, o velho)

Baco vem para subverter a ordem social. Enfrentava reis e imperadores, sobrepujando a todos. Sua própria ascenção ao Olimpo (ele, um semideus, entrando para o panteão) mostra que ele não se submete à ordem estabelecida e vem apresentar novas possibilidades.

Quando chegou a Tebas, as mulheres correram para as colinas, abandonando seus afazeres. Elas e os escravos, inferiores na sociedade grega, eram as figuras sociais que mais se identificavam com o deus dos excessos.

O Libertador

"O vinho põe o homem fora de si e dá ao seu espírito qualidades às quais é alheio, quando sóbrio." (Joseph Addison)

O vinho nos ajuda a suprimir aquela voz na nossa cabeça que diz "não". A subversão social nos ajuda a superar tudo aquilo que nos parece natural. Dionísio nos ajuda a pensar por conta própria quando não temos o costume de pensar e a parar de pensar quando costumamos pensar demais.

É por isso que aqui na Socieade Dionsíaca nós promovemos a liberdade da mente como um dos principais atributos dionisíacos. Trata-se de beber, esquecer as tristezas, ignorar as regras, esquecer as convenções, questionar, se libertar.

A partir da semana que vem, vamos publicar uma série de posts (sempre ao meio-dia) sobre sites e blogs com o Selo Dionisíaco de qualidade por promoverem a liberdade da mente. Para ver os que já estão listados, confira a lista no final da nossa guia sobre Álcool. Se acha que o seu site ou blog se encaixa, envie um e-mail para sociedadedionisíaca@gmail.com pedindo para ser incluído.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Coringula


Semana passada assisti a Calugula no teatro. Juro que fui sem preconceitos apesar da cara feia que todos faziam quando eu mencionava que a peça era com Thiago Lacerda no papel principal. Infelizmente eles estavam certos. As atuações eram meia-boca e a montagem como um todo deixou a desejar... muito. Com direito a Coringa como imperador de Roma e Ernestina com os peitos de fora.

Mas deixemos de lado a parte ruim...














Fim do post.


Brincadeira. Ainda vale a pena conhecer a história. E mesmo eu que já tinha visto o filme gostei de ver novamente, agora nos palcos. Atrevo-me a dar o Selo Dionisíaco de qualidade à obra. Talvez não à peça em si (embora tenha sentido uma boa intenção), mas ao menos à obra Caligula de forma genérica.

Vejamos alguns pontos interessantes.
- Se passa na Roma pagã. Quando os deuses gregos eram cultuados.
- O imperador enlouquece, assim como Baco enlouqueceu.
- A peça mostra um governante que abusa do poder. Familiar?
- Ele subverte completamente a ordem social, libertando escravos e botando senadores pra trabalhar (em um mundo ideal nem passaria pela minha cabeça chamar isso de subversão).
- Ele resolve prostituir as esposas e parentes dos senadores pra recuperar os cofres públicos e fazê-los pagar sua dívida com a sociedade.
- Tem putaria.

Bonito, né? A peça ainda fica em cartaz mais 5 dias (de quarta a domingo) no Sesc Ginástico no Centro do Rio de Janeiro (Av. Graça Aranha, 187) às 19h. Varia d 10 a 30 reais dependendo do dia. Super recomendo.

Como disse Heath Ledger Thiago Lacerda ao final da peça, "vai ser lindo ter esse texto sendo dito no dia da eleição".

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Filmes Inspirados

Como avisei ontem, o Festival do Rio 2010 já começou. Sou bem criterioso pra escolher os filmes que pretendo assistir. Leio TODAS as sinopses e vou pontuando os filmes. Um ponto pra cada coisa interessante, incluindo diretores, atores, recomendações de amigos, palavras chave, um enredo que me pareça interessante e até um pouco da minha intuição. Depois eu escolho quais assistir dando prioridade pros que tiverem mais pontos. Pode parecer exageradamente metódico, mas tenho a impressão de que isso me ajuda a estar aberto a todas as mensagens que os deuses me mandem.

Se um filme possui um personagem que é um artista, por exemplo, já ganha um ponto, por mais que a história pareça desinteressante. Claro que isso me deixa sujeito a alguns erros, mas também já me proporcionou boas surpresas também, como no final do festival do ano passado.

Acontece que existe uma categoria diferente de filmes que valem à pena ser assistidos: a dos filmes claramente realizados com inspiração dionisíaca. Estes, mesmo que não alcancem o máximo de pontos, devem ser prioridade pra todos nós.

Vejam os que eu selecionei este ano segundo este critério.

O Bolo (O Bolo)
de Robert Guimarães. Brasil, 15min
Empregada doméstica religiosa vive situações hilárias ao provar bolo feito com hem. As sensações do "doce mágico" despertam sua sensualidade e ela encontra no porteiro a realização de suas secretas fantasias sexuais.


Destricted.br (Destricted.br)
de Adriana Varejão, Janaína Tschäpe, Julião Sarmento, Lula Buarque de Hollanda, Marcos Chaves, Miguel Rio Branco, Tunga. Brasil, 2010. 91min
Obra em progresso que une sexo e arte em uma série de curtas criados por artistas plásticos e cineastas de língua portuguesa. Nesta versão, uma coleção de sete filmes de natureza explícita explora a interseção entre arte e pornografia. Ficção, documentário, realismo e fantasia se sobrepõem em visões tão distintas quanto originais sobre a representação da sexualidade. O filme é parte de um projeto internacional iniciado em 2004 com a criação da plataforma "Destricted", que incentiva a expressão irrestrita do sexo pela arte.


No Bosque (Mesa sto dasos)
de Angelos Frantzis. Grécia, 2010.
Três jovens, dois rapazes e uma moça, realizam uma jornada natureza a dentro, conectando-se às raízes dionisíacas do homem. Sem levar nada consigo, partem em direção a uma verdadeira viagem existencial de descoberta, longe de qualquer sinal de civilização. Explorando a exuberância das florestas, dos vales e dos lagos, flertam com seu lado selvagem e descobrem os limites de seus relacionamentos e de seus corpos, investigando suas preferências sexuais.


Outros filmes valem à pena e posso recomendar pra quem quiser, mas esses são os que mais prometem. Pretendo ver os três e mais vários outros. Depois conto aqui as minhas impressões.

terça-feira, 27 de julho de 2010

amor humor #1

Amor
Humor

o menor poema brasileiro, de título "Amor" e palavra-poema "Humor", escrito por Oswald de Andrade, é absolutamente genial ao meu ver. estou certo que inúmeras interpretações coexistem, mas as que mais me tocam são principalmente duas. primeiro, o amor deixa as pessoas "ridículas" e as brincadeiras de amor de um casal (pelo menos comigo é assim) soariam absurdas para alguém de fora. segundo, quando você ama e tem o máximo da intimidade com a pessoa, você liberta (ou pelo menos deveria libertar) lados seus que, reprimidos pelo contexto social, não afloram em suas outras relações: por isso mesmo são, essas partes de você, engraçadas; mais, amar é uma grande oportunidade para você se divertir mais com as coisas e levar a vida de uma forma mais leve e infantil.

eu vejo o "Amor" do título também, é claro, no sentido de "fazer amor". e como sexo é uma das melhores coisas da vida, penso que não devemos levá-lo a sério e sim como uma grande brincadeira: uma oportunidade para liberar partes de sua personalidade que estão adormecidas, para experimentar coisas e sensações diferentes, para brincar, se divertir. 

nesse espírito, uma das coisas que eu acho mais legais de fazer em uma relação sexual é representar personagens e encenar (Dionísio concordaria comigo, não concordaria?). com a intenção de bolar peças teatrais cujos cenários são quatro paredes e cujos atores são eu e a minha namorada, comecei a buscar contos eróticos teatrais na web. não achando praticamente nada de interessante, decidir mudar de estratégia e procurar por "playing in bed" ou "sexual games". acabei chegando à conclusão que poderia achar coisas mais interessantes dessa maneira e, após 15 minutos de pesquisa, achei 5 jogos que, no mínimo, me animam a continuar pesquisando sobre:

1) Garoto(a) mal(má)

Como jogar: Diga ao seu parceiro todas as coisas que você fez de errado hoje. Então ajoelhe na cama. O seu parceiro bate em você, usando a mão, uma escova de cabelo ou um outro acessório, e o repreende repetidamente pelos seus erros.

2) Strip poker invertido

Como jogar: Os parceiros começam o jogo nus e, a cada rodada do jogo de poker, o ganhador deve escolher uma peça de roupa ou acessório que o parceiro deverá usar. Vale fazer o namorado vestir objetos femininos ou vice-versa.

3) Desconhecidos

Como jogar: Combine de encontrar o parceiro num bar, mas aja como se não o conhecesse. Uma vez no bar, olhe ardentemente para ele, aproxime-se, pergunte seu nome e converse brevemente. Então, pague um drink a ele e o convide para ir para sua casa. Quando ele aceitar, volte para casa e tenha a melhor transa de primeiro encontro da sua vida.

4) Mantenham as mãos longe

Como jogar: Tudo o que você tem que fazer é não usar as mãos durante o sexo. Em nenhum momento da relação sexual pode-se tocar um ao outro usando as mãos. Dessa maneira, você terá que explorar as outras partes do corpo e, se usar a criatividade, pode descobrir coisas excitantes.

5) Não digam nenhuma palavra

Como jogar: Não fale nada durante toda a relação sexual, desde as preliminares até o gozo. Não falar durante o sexo é uma técnica poderosa para concentrar-se em seu prazer.

6) O casal dos dados

Como jogar: Escolham, você e o parceiro, espontaneamente e sem pensar, 3 opções de atos sexuais que devem ser feitos pelo parceiro. Associe cada opção a um número, joguem o dado e executem o resultado. Uma vez concluído o ato sorteado, escolham novas opções e lancem novamente os dados.

o 6° jogo fui eu que bolei inspirado pelo O Homem dos Dados.

quando tiver mais jogos, publicarei aqui.

ALGUÉM TEM SUGESTÕES DE JOGOS PARA DAR A MIM E AOS DEMAIS LEITORES? Obrigado!

quarta-feira, 21 de julho de 2010

True Blood

Comecei a baixar essa série e terminei a primeira temporada em 3 dias. Como sempre que eu recomendo alguma coisa aqui, começarei falando mal. As interpretações são caídas e alguns personagens são muito, mas MUITO estereotipados, principalmente no começo da série. Felizmente, com o tempo, a série vai melhorando. Agora vamos à parte boa.

Sabor B-negativo

Cientistas japoneses desenvolveram um sangue sintético, o true blood que dá nome à série, e agora os vampiros não precisam mais caçar humanos para sobreviverem. Não sendo mais predadores, os dentuços podem viver entre nós e passam a exigir direitos civis. A série começa dois anos depois deles terem se revelado ao mundo, numa cidadezinha do interior onde uma garçonete (a mesma atriz que faz a Vampira no filme dos X-Men - o que pra mim soa como uma grande piada) com a habilidade de ouvir e ver os pensamentos das pessoas (sério que até aqui ela é uma mutante? talvez devessem ter contratado a Jean...) vê um vampiro chegar ao bar onde ela trabalha. Começam a acontecer assassinatos e o namoradinho da principal vira o suspeito favorito dos caipiras.

Ignorando a influência das novelas mexicanas (ou seriam brasileiras?) na série, podemos ver coisas bem interessantes e atuais sendo discutidas. É uma cidade do interior bem moderninha e atrasada ao mesmo tempo. Uma amostra que reflete bem nossa sociedade atual. Eis um pouco do que a primeira temporada oferece.

- Preconceito contra os vampiros
Lafayette, o gay mais macho que já vi
- Preconceito contra os humanos
- Viciados no sangue dos vampiros (o tal do v-blood é uma droga poderosa para os humanos)
- Humanos caçando vampiros pra traficar o sangue
- V-blood, ou seja, drogas proporcionando de fato uma viagem astral
- Hippies-veganos extremistas
- Prostituição
- Homossexualidade (Talvez o Lafayette seja o meu personagem favorito. É homossexual, mas não é uma bichinha-zorra-total. Tampouco é um cara que se finge de hetero. Ele fala como homem, mas usa maquiagem até no trabalho e não esconde de ninguém suas preferências sexuais. Mesmo assim, ou talvez justamente por isso, ele é muito respeitado pelos caipiras que convivem com ele. Pela maioria ao menos...)
- Sexo casual
- Alcoolismo
- Pessoas se aproveitando da fé alheia
- A fé realmente transformando a vida das pessoas para melhor

Outra coisa que eu achei interessante é como a história se desenvolve. Existe, é claro, a trama principal, em que eles tentam descobrir o assassino e encontrar o amor verdadeiro. Existem também as tramas paralelas. Até aí, já vi muita coisa parecida. O que eu acho novidade é a naturalidade com que as histórias correm, como na vida real. Não consigo identificar um clímax em cada episódio, como normalmente acontece. Cada episódio e cada cena não parecem fazer parte da temporada, mas da própria vida dos personagens. É como se não houvesse um roteiro. Ou foi muito bem escrito ou muito mal escrito, mas não consigo deixar de achar interessante.

União através do V-blood

E na segunda temporada tem fanáticos religiosos e bacantes! \o/

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O Caso Morel

Resenha enviada pela nossa amada Kika. Leu o livro e pensou na gente. Se você também quiser enviar qualquer coisa (resenha, reflexão, ensaio sensual, dinheiro...) pra Sociedade Dionisíaca, entre em contato pelo e-mail sociedadedionisiaca@gmail.com.

O caso Morel seria mais um livro que, de primeira, talvez não atraísse o olhar até dos mais atentos leitores. Só lendo este pequeno livro de Rubem Fonseca escrito na década de 70 para entender o porquê de ele merecer alguns comentários.


O livro fala de um artista, Paul Morel, que se encontra encarcerado por ter matado uma companheira. Dentro da prisão, ele resolve escrever um livro com um conteúdo autobiográfico. O grande barato do livro nem é o enredo, mas como esse é composto.

Paul Morel, durante a vida, dedicou boa parte do tempo a fazer sexo com todas as mulheres que lhe atraíssem sem o menor constrangimento. Algumas, aliás, casadas e pertencentes a uma classe elevada. Um tapa na cara da moral que envolve a questão de família. Há trechos em que se descrevem cenas sexuais com direto a termos nada consagrados pela literatura mais puritana, como também a algumas perversões – a exemplo disso, ocorre uma festa em que os convidados realizavam uma verdadeira orgia.

Aliás, Morel, ao longo do livro, resolve fazer a própria família, uma família diferente composta por ele, três mulheres com as quais teve relações sexuais em algum momento e o filho de uma delas. “(...) uma família diferente, que não existe ainda, onde todos os integrantes são livres, em que os laços não são os de proteção, mas os de amor.”

Paul Morel, mesmo depois de ter sido casado durante dez anos com uma mulher de quem não conseguia se separar porque a considerava sua “propriedade privada”, resolveu formar essa família mais por experiência e amor à liberdade do que por vontade de manter pessoas juntas a ele. É interessante ver que a família não foi simplesmente formada porque havia um sentimento que os obrigava manter um compromisso aprisionador, mas sim porque havia um desejo de uma relação mais livre, mas que se mantivesse apoiada num sentimento amoroso (mesmo que, em um primeiro momento, tudo isso tenha sido visto com uma certa desconfiança). Em um diálogo entre uma das mulheres de Paul e o advogado dele:

“Todas nós gostávamos muito de Morel. Eu estava apaixonada por ele.”
“Vocês não se incomodavam dele ir para cama com outra?”
“No princípio aquilo me perturbava um pouco, mas nas nossas conversas esse assunto era sempre discutido. (...) Nós éramos uma família.”

Uma das personagens mais interessante é a Joana, uma das amantes de Morel. Ela adora apanhar enquanto faz sexo e só consegue sentir prazer assim. Em uma das cenas em que ela e Paul Morel estão juntos, ela chega para ele com um chicote de cavalo e...

“ Você não vai me bater?”
“Com o chicote?”
Nossos movimentos cada vez mais violentos.
“Como é que você vai me bater com o chicote? Aqui deitada? Ou eu saio correndo e você corre atrás de mim até me encurralar num canto e então me bate, bate, bate!...”
“Não sei, como você quiser”, consegui dizer.
“Bate com a mão mesmo”, Joana pediu.
Apoiado na mão direita, dei um tapa com a esquerda no rosto de Joana. Joana fechou os olhos, o rosto crispado, não emitiu um som sequer. Dei outro tapa, agora com a mão direita, com mais força.
“Bate, bate!”
Bati com mais violência. Joana deu um gemido lancinante.
Continuei batendo sem parar.
“Me chama de puta...”
“Sua puta!”
“Mais, mais!...”
Chamei Joana de todos os nomes sujos, bati com força no seu rosto. Nossos corpos cobertos de suor. Lambi o rosto de Joana, em fogo das pancadas recebidas. Nossas bocas sorviam o suor que pingava do rosto do outro. De dentro de mim, de um abismo fundo, vinha o orgasmo, uma pressão acumulada explodindo.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Dionisíaca Urbana #1

No último domingo, dia 14, rolou a primeira Dionisíaca Urbana. Faz parte de um projeto meu de realizar releituras dos 3 grandes festivais anuais em honra a Dionísio que aconteciam na Grécia Antiga: Dionisíacas Urbanas, Dionisíacas Rurais e Grandes Dionisíacas. Resolvi começar devagar, fazendo um evento menos pretensioso do que eu realmente gostaria. No caso, fiz um churrasco no motel.

Reservamos uma suite (Amaze) do VIPs, que tinha pista de dança, banheira de hidromassagem, sauna seca, sauna a vapor, dois quartos, home theater, piscina, churrasqueira... Compramos um monte de carne, queijo, pão, refrigerante... Claro que tinha cerveja (devassa, pra combinar) e vinho também. Ainda descolamos um espumante de cortesia.

O número de pessoas foi menor do que eu esperava quando inventei o evento, é verdade. Imaginei 20 pessoas, mas as 13 que foram pareciam ter sido selecionadas pelo próprio Dionísio. Gente com pouca intimidade, mas que logo se entrosou e deu vida àquilo que nas palavras de todos os presentes foi o melhor churrasco de todos os tempos. Poucos, porém bons.


É claro que tivemos alguns contratempos, como nossa incompetência para acender a churrasqueira, o fato de eu ter cozinhado o arroz (fiz também a farofa e o vinagrete, mas esses ficaram gostosos), o fato de meu pai ter sumido com as caixas de isopor aqui em casa e eu ter que comprar de última hora, termos chegado uns 30min depois da hora da reserva (quando poderíamos ter chegado duas horas antes) e por aí vai...

Eu tinha sugerido que as pessoas fossem fantasiadas de algo contra o qual quisessem protestar. Só 3 pessoas e meia aderiram à idéia. Eu e mais 3 garotos. Virou um churrasco completamente herege (e isso não foi combinado), pois tínhamos um padre, um Adão e um Jesus. Parece começo de piada, ne? "Adão, Jesus e um padre estão num motel..." A meia-fantasia foi um stripper que teve vergonha de mostrar sua cuequinha por deixar a bunda de fora. Só mostrou quando uma mulher lá negociou isso em troca dela mostrar os peitos.

Aliás, essa foi a deixa para que o cara que disse "seus amigos são muito parados" voltasse atrás. Daí pra frente as coisas só melhoraram. Teve de tudo. Teve gente que ficou completamente pelada (eu inclusive, é claro), teve homem que só tirou a camisa, teve garota de calcinha e sutiã, teve garota que permaneceu de biquini. Teve topless e teve bottomless. Teve uma garota caindo de bêbada e teve gente completamente sóbria. Teve uma apresentação-pseudo-artística-herege minha lendo um trecho da bíblia para Adão. Teve sexo na piscina, na pista de dança, nos quartos e acho que até no meu carro. Teve gente curtindo se exibir, teve gente curtindo observar. Teve beijo entre meninas, teve lésbica ficando com homem, teve uma mulher que transou com ao menos 4 pessoas diferentes, teve sexo a 3 e teve gente que sequer beijou na boca. E todos se divertiram fazendo o que fizeram.

Momentos engraçados? Tivemos muitos! Vejam alguns...
  • Garoto lá com vergonha que vissem a bunda dele
  • Gente andando pelada como se estivesse vestida
  • Picanha na piscina!
  • Frango na piscina!
  • Garota literalmente caindo de bêbada
  • Gente sendo puxada pra piscina com roupa e tudo
  • Fotos do padre com Jesus
  • Fotos do padre, Jesus e Adão fazendo propaganda da devassa
  • Garota caindo feio no chão ao tentar aprender pole dance
  • Sutiã (feioso) voando lá embaixo no estacionamento (na cara de um motoqueiro que passava)
  • Sauna com uma concentração de 3 pessoas por metro quadrado
  • Hidromassagem em que cabiam 3 ou 4 pessoas no máximo sendo desafiada a suportar 7 pessoas ao mesmo tempo
  • Cerveja no piru!
  • E o cenário de fim-de-festa-de-filme-americano ao término do churrasco, com dezenas de latinhas pelo chão, garrafa quebrada, tudo molhado, camisinhas espalhadas e ainda com um roupão pendurado no vidro espelhado que cercava a suite. Pena que esqueci de fotografar isso.
E sei que posso ser apedrejado, mas acho que o melhor veio depois do churrasco. Além de todo mundo agradecendo e elogiando o evento durante e depois (inclusive gente me ligando só pra isso), recebi três comentários que achei que agradariam muito nosso deus. O primeiro, simples, mas bastante entusiasmado, dizia apenas "loucuraaaaaaaaa". O segundo, de uma jovem que eu jurava que não se entrosaria, foi "mto livre". Ela não poderia ter escolhido melhor suas palavras para nos agradar (eu e Dionísio). O último foi de uma amiga que era uma grande promessa para o evento e infelizmente não compareceu. Quando falei sobre o problema do dinheiro, eis o que ela disse: "contribuir pra sua festa é um ato político, meu bem!" e "conte SEMPRE com meu patrocínio, sempre mesmo!". Quase chorei.

Aproveito a oportunidade para dizer que vocês fizeram o evento, eu só juntei as pessoas. Obrigado e parabéns.

Que este espírito se propague cada vez mais.
Evoé!

quinta-feira, 4 de março de 2010

uma expressão de busca pela liberdade

as ocupações do Rio de Janeiro não são apenas a moradia de pessoas sem-teto, mas também o palco de uma rica cultura underground.

a maior parte de pessoas que frequentam esses espaços se dizem libertárias, e muitas consideram-se anarcocomunistas.

tive a oportunidade de visitar algumas ocupações e a primeira vez, particularmente, foi maravilhosa!

cheguei sozinho, convidado por uma amiga, para o evento, que consistia basicamente de rodas de discussão de assuntos diversos (política, filosofia, vegetarianismo, não me lembro ao certo) e shows de bandas anarcopunk. devo dizer que as rodinhas punks literais, compostas indistintamente de mendigos e de jovens do Leblon, são fantásticas! sob o extremamente envolvente som punk, vi uma bandeira do Brasil ser queimada, algumas meninas girando suas blusas no ar enquanto os seios desnudos saltavam ao ritmo da música e muita, muita alegria em todos que ali estavam. conversei com alguns dos idealizadores/participantes de muitos protestos, de visitas à favelas com trajes de palhaços com o objetivo de conscientizar e de outras ações sociais. vi pela primeira vez uma churrasqueira vegan, mas não encarei o dente de alho no espeto.

na segunda vez, fui com dois amigos. tivemos uma surpresa desagradável na entrada: um deles foi barrado, apesar de ser cabeludo, por trajar um suspensório (acessório skinhead clássico). a explicação, no entanto, foi justa: eles compreendiam que ele não era um skinhead, mas algum punk fanático podia não ver da mesma forma. ele amarrou, então, o suspensório na cintura e pôde entrar. uma vez lá dentro, presenciamos uma excelente performance de mais de uma hora de duração um bebê de cerca de um ano, que berrava ideologias punks incompreensíveis à minha inteligência ao som de uma bateria extremamente agressiva. vimos mais tarde, ainda, alguns ótimos hits anarquistas, como "a bunda é minha e eu dou pra quem eu quiser!", entre outras expressões do pensamento libertário (ou libertino) que, infelizmente, não me recordo (não terei mais esse problema no futuro, pois acabo de criar um "diário" onde anoto todos os dias tudo o que vi/ouvi/senti/pensei de interessante).

um outro dia, fui ver um recital de poesia, e acabei contribuindo com uma criação minha. esse dia acabei fazendo merda. subimos uma garota e eu o prédio "abandonado", e acabamos transando na escada. tava tudo muito escuro, e não me toquei que tinham pessoas vivendo naqueles andares. acabamos sendo flagrados e tomando um puta esporro merecido.

as minhas impressões sobre o lugar e as pessoas foram ótimas. considero o valor dessa experiência cultural inestimável, e acho que todos deveriam conhecer.

só fui negativamente surpreendido por uma coisa. uma vez, em uma roda com vários punks, lancei a idéia que eu e uns amigos tínhamos de fazer uma festa naturista (que acabou rolando na minha casa tempos depois). a reação: todos (ou quase todos) acharam interessante, mas só topariam tirar a roupa se estivessem bêbados.

pretendo visitar alguma das ocupações em breve. alguém teria interesse em ir?

quarta-feira, 3 de março de 2010

A Noite do Sexo Liberal 6/6

Finalmente chegamos ao final da nossa saga pela casa de swing. Espero que tenham curtido as partes 1, 2, 3, 4 e 5. Também espero que estejam animados para conhecer o terraço do Club Mix nesta sexta e última parte de nossa hexologia (???).

Quinto piso: recuperando as energias
Não há redbull que mantenha as pessoas na pista ou na cama a noite inteira. É preciso parar em algum momento para beber algo e conversar um pouco com os amigos, talvez até fazer um lanche. O quinto andar, com sua música baixa e ambiente iluminado, é o melhor lugar para isso. Sem a proteção da escuridão, é possível também observar melhor as pessoas que estão à sua volta.

Um grupo de meninas, todas com menos de 25, estava em uma das festas e surpreendeu-se com tudo que viu. Como já me sentia íntimo da casa, fiz até papel de guia turístico. Infelizmente, nenhuma delas era realmente bonita. Graças aos descontos (e bônus) oferecidos às solteiras e aos preços altos cobrados dos solteiros, é notável a diferença de nível entre os dois sexos. Eles são mais bonitos e arrumados, enquanto elas... nem tanto. O que elas não têm de beleza, entretanto, compensam com disposição. Não esqueçam da senhora de 50 anos que transava com o segundo homem na pista de dança no começo da festa.

Não é raro, porém, encontrar uma mulher extremamente bonita, jovem e bem animada. É só garimpar um pouco. A própria Alice Gouveia, promoter da 18A, é linda e tem 26. Minha amiga Nerd (beijo!), freqüentadora assídua, também é um espetáculo e está na flor da idade. Ainda assim, o mais comum são homens mais velhos, na casa dos 50 anos, e mulheres na casa dos 30.

Um bom exemplo é o casal Ruy e Vani, que freqüenta a 18A desde seus tempos no motel Ibiza, antes de se mudar para o Club Mix. Ele vestia calça jeans e camisa social, enquanto sua esposa vestia um vestido curto com estampa de oncinha. Ela falava orgulhosa sobre seu filho adolescente e morria de medo de algum dia esbarrar com ele em uma das festas. Para preservar sua vida “careta” (como eles mesmos chamam) é que muitos usam esses apelidos e nomes falsos nas festas. As fotos que circulam nos blogs e em seus perfis normalmente são editadas para esconder o rosto ou falsas (como Ruy e Vani, que usam fotos de Luis Fernando Guimarães e Fernanda Torres no orkut). Desta forma, protegem o emprego, a família e os amigos de sua “identidade secreta”.

Não que alguém que está ali se envergonhe do que faz, mas o mundo ainda não está preparado. Se uma garota é expulsa da faculdade por usar um vestido curto, imaginem o que não aconteceria se o seu patrão descobrisse que você pratica sexo liberal. Se eu fosse o patrão, eu convidaria para irmos juntos, mas nem todas têm a sorte de serem minhas secretárias...

É isso, galera. Acabou-se o que era douce. De coração, espero que tenham gostado tanto de ler quanto eu gostei de apurar para esta matéria (o que deveria ser uma noite transformou-se em quatro visitas ao lugar). Se não gostaram, foda-se. Ou não, né? Afinal, quem curtiu a matéria vai lá no Mix pra fazer isso. Enfim...


Mas não fiquem tristes. A partir deste fim de semana, se tudo der certo, o Caio começa a publicar uma série de contos do Marquês de Sade retiradas do livro 120 dias de Sodoma. Se alguém acha que peguei leve aqui, deve apreciar mais as perversões que vêm por aí. Se achou normal, está pronto para dar o próximo passo lendo os contos. Se achou pesado, leia para ver que tem gente que faz muito pior (ou melhor dependendo do ponto de vista).

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

A Noite do Sexo Liberal 4/6

Se vocês gostaram das partes 1, 2 e 3, vão adorar o texto de hoje, em que eu conto como é a pista 2 no terceiro andar do Club Mix. Divirtam-se.

Terceiro piso: a festa começa

Se o andar de baixo era dedicado a preliminares e fetiches, aqui a festa se mostra em sua totalidade. Esta pista só abre mais tarde e funciona com DJ durante boa parte da noite. A exemplo da pista do primeiro andar, também acontecem apresentações no palco, com a diferença de serem bem mais adultas e interativas. Tequileiras esfregam seus seios no rosto dos homens, strippers brincam com a animada platéia e até sexo ao vivo é praticado no palco. Nos sofás das laterais da pista, algumas amadoras dão seus próprios shows, dançando e exibindo peitos e bundas.

Tudo bem animado, mas é com o apagão que a coisa pega fogo mesmo. Durante dez minutos, a pista de dança fica iluminada apenas pelas telas azuis dos celulares. O clima de erotismo que pairava graças à música e às atrações não mais se contém e é só forçar um pouco a vista para ver tudo o que se passa. Uma mulher ajoelhada chupando um homem na direita, outra sentada no colo de um rapaz enquanto outro acaricia sua bunda na esquerda, duas mulheres beijando os seios uma da outra no meio da pista... Isso sem contar dedadas e punhetas por toda parte.

A luz acende e ninguém pára. Ao contrário, vendo que todos estão no mesmo clima, a timidez vai desaparecendo e a ousadia se torna cada vez maior. Aquela que estava com dois homens mudou para uma posição menos discreta: agora chupa o que está sentado enquanto é comida por trás pelo que a apalpava. No palco, quatro mulheres – uma das quais, completamente nua – se chupam e se masturbam sem o menor pudor. São freqüentadoras que se divertem como todos ali, e não alguém que foi contratado para fazer aquilo.

É nesse momento que se pode comprovar o poder das pulseiras. Mesmo com a orgia acontecendo e todos loucos de vontade de participar, ninguém tentou nada quando usamos a pulseirinha roxa. Vários solteiros ficaram perto – às vezes perto demais -, mas sem tocar ou falar conosco mesmo quando transávamos no sofá (recomendo muito). Em qualquer outro lugar as pessoas tentariam estuprar a garota por muito menos.

Alheias a tudo isso, várias pessoas (mulheres na maioria) dançam e conversam como em qualquer boate normal. Aí está o grande mérito do lugar: encarar o sexo como algo completamente natural, o que realmente é. Para alguns, isso é muito fácil; para outros, como o casal de Recife que entrou na casa achando que era uma festa qualquer e foi embora às pressas, algumas coisas podem ser chocantes demais...

Onde está Wally Willy Will? Um doce pra quem me achar na foto abaixo.


Semana que vem tem mais nesta mesma swing-hora, neste mesmo swing-canal.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

A Filosofia da Libertinagem

A Filosofia na Alcova, de subtítulo Diálogos destinados à educação de jovens meninas, é um livro que apresenta de forma interessante e teatral os principais pensamentos filosóficos de Marquês de Sade, além de uma introdução às perversões sexuais que concebeu. é, portanto, uma boa recomendação para quem nunca leu Sade. você certamente ficará chocado com muitas coisas - mas nada comparado à leitura de Os 120 Dias de Sodoma, ao final do qual eu duvido que mais de 1% da população tenha estômago para chegar.

não, Marquês de Sade não é só putaria, como diz muita gente por aí (as quais, por coincidência, não leram os livros dele). é um filósofo importante, estudado pelo principais pensadores que vieram depois dele.

a história narra a educação erótica e filosófica de uma menina de 15 anos, Eugénie, a qual Madame de Saint-Ange e o seu irmão, o cavaleiro Mirval, vão iniciar a todas as facetas da luxúria e da liberdade de espírito, ajudados pelo sodomita Dolmancé e pelo jardineiro Augustin. é composto sob a forma de sete diálogos, entrecortados de discursos sobre liberdade, religião, política e moral.

a reflexão libertina exposta por Sade parte do princípio que a Natureza rege todo o Universo e que Deus não existe fora do espírito dos homens. o autor faz verdadeira apologia à Religião de Dionísio, pregada por nós da Sociedade Dionisíaca, quando diz, referindo-se ao paganismo romano, "Uma vez que acreditamos que um culto é necessário, imitemos o dos romanos".

sendo a Natureza o único motor do mundo, tudo que segue seus princípios é por ela legitimada. o sexo, o egoísmo e a violência são, além de encontrados na Natureza, manifestações da Natureza no homem e, por isso, podem ser ditas Naturais, portanto além do bem e do mal. com efeito, essas construções morais (o bem e o mal) estão em foco nessa argumentação: uma vez que não existem na Natureza, não podem ser tomados como fundamento de nossas ações. a Natureza deve ser nosso único modelo.

a reflexão exposta serve aos personagens libertinos para legitimar todos os seus desejos, em particular os seus desejos sexuais.

a partir desse princípio, a sociedade perde todos os seus direitos. suas regras e leis vêm para reprimir nossos impulsos naturais: vão contra a Natureza e são, portanto, intoleráveis.

"É uma terrível injustiça exigir que homens de personalidades diferentes se curvem a leis iguais: o que é natural para um não o é para outro".

a lógica libertina é tão lasciva, no sentido mais cruel da palavra, que somos levados a questionar as verdadeiras intenções de Sade. será que ele procurou sinceramente promover o naturalismo libertino? certamente ele não gostaria que o seu pensamento fosse adotado por todos, pois nesse caso seria vítima de suas próprias infâmias...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Noite do Sexo Liberal 1/6

Já avisei aqui antes que fiz uma matéria para a faculdade sobre como era a noite dos casais praticantes de swing. Acho que ficou uma matéria bem legal e chegou o momento de compartilhar com vocês. Dividi em 6 partes pra não ficar um texto longo. Publicarei um capítulo por semana, sempre nas quartas-feiras. Espero que gostem.

Introdução (Ui!)
No palco, uma mulher faz um show de strip-tease interagindo com o público que a observa (muito) atentamente; nos sofás, alguns casais (e trios) fazem sexo sob o olhar atento de alguns solteiros; e, no meio da pista, algumas mulheres simplesmente dançam como se nada daquilo estivesse acontecendo a poucos metros delas. É com este tipo de cena que se depara quem vai ao Club Mix, casa de swing localizada na Praça XV (Rua do Mercado, nº 25). A casa tem festas regulares de terça a sábado e eventos especiais, que podem ocorrer nas noites de segunda-feira e domingo ou tardes de quarta (e de domingo este mês).

A linha de todas as festas é relativamente parecida: músicas e apresentações nas pistas de dança, e sexo rolando onde, quando e como os freqüentadores quiserem. Cada uma, porém, é pensada para um público específico, seja para interessados em sexo a três, na troca de casais ou até mesmo em transexuais. As apresentações vão de strip-teases a shows de bandas ao vivo, passando por massagens, tequileiras e brincadeiras. No campo musical, a ênfase é no hip-hop e no funk, ritmos populares e bem ligados à sexualidade, o que não impede que outros estilos possam ser tocados dependendo do público e do tema da festa. A 18A, por exemplo, faz um especial dedicado ao rock’n roll uma vez por mês.


Willa BDSM e seu show xou com as velas

São cinco andares que oferecem as mais variadas opções de entretenimento. Duas pistas de dança que não devem nada para outras casas de festa, um terraço que funciona como um bar onde as pessoas podem relaxar e dois andares dedicados exclusivamente ao prazer adulto.

Esse primeiro texto foi só pra aquecer. Semana que vem vocês conferem o que rola na pista do primeiro andar. Será um texto para ser lido com camisinha. Até lá.

Evoé!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Absurdo Normal

o livro O Homem dos Dados, do psiquiatra de pseudônimo Luke Rhinehart, é o mais Dionisíaco que eu conheço (sim, ainda mais que os livros do Marquês de Sade), além de ser o melhor que já li.

o livro explora o ego, a liberdade e o acaso. lida particularmente com as maneiras pelas quais as sociedades modernas limitam a espontaneidade e criatividade dos indivíduos. o autor-protagonista vê a razão e a seriedade como uma forma de doença mental e a sua narrativa, que em muitos momentos desperta risadas apesar de sua profundidade, apresenta forte elementos niilistas. no tocante à moral, a ideia niilista central está na fala de um dos personagens de Os Irmãos Karamazov de Dostoiévski:

"Se Deus está morto, então tudo é permitido."

a visão de que não existe uma moral natural e que, portanto, nenhuma ação é preferível à outra é um dos pressupostos do livro.

a morte do sentido niilista também está fortemente presente e, aqui, cito a mim mesmo:

se em algum mísero instante você puder contemplar o quão exatamente todos os valores que o rodeiam são infinitamente artificiais, então experimentará a divina percepção da mediocridade de tudo, da total ausência de sentido em quaisquer metáforas e da necessidade visceral de ser selvagemente abatido por algo de real: sua mente enfim será libertada e, ainda que encarcerado fisicamente, você será o mais feliz dos mortais ao distinguir-se completamente do todo e ao fazer-se capaz de orientar todos os seus esforços pra vivenciar os únicos momentos sinceros de toda a sua vida, fim último da existência

talvez, a coisa mais interessante de O Homem dos Dados seja o conceito que podemos ser várias pessoas e entreter vários lados de nossas personalidades.

A História

Luke Rhinehart é um tipicamente entediado psiquiatra em um tipicamente infeliz casamento, vivendo uma vida de quieto desespero. seus colegas vêem sua mesmice como comum - inevitável, na verdade, para um homem de meia idade. seus pacientes nunca pareciam melhorar. Luke cogitou suícidio, dedicou-se a estudar o Zen, mas, não importa o que fizesse, sentia-se como o Caio Fernando de Abreu em Morangos Mofados:

"Já li tudo, cara, já tentei macrobiótica psicanálise drogas acupuntura suicídio ioga dança natação cooper astrologia patins marxismo candomblé boate gay ecologia, sobrou só esse nó no peito, agora faço o quê?"

ao final de uma festa na sua casa, Rhinehart toma uma decisão que muda a sua vida inteira, baseando-se no rolar de um Dado. a partir desse momento, a personagem embarca num experimento psico-filosófico no qual os números de um dado são usados para ditar as ações (muitas vezes obscenas) a serem tomadas na sua vida. funciona da seguinte maneira: cada vez que se quer tomar uma decisão, associa-se as possibilidades a números e lança-se o dado. Luke gradualmente integra o Dado em todos os aspectos de sua vida - e sua obsessão acaba transformando-se em um dilema filosófico.

A Minha História

contagiado pela leitura de O Homem dos Dados e com a ideia de largar tudo e viver na aleatoriedade (coisa que ainda me comove, digamos, muito), decidi fazer um experimento que muito se assemelha com o evento que desencadeou a introdução do Dado na vida de Luke.

uma vez, fomos eu e um grupo de amigos para a Fazenda (a mesma do post do Will de 18 de janeiro), além de um casal, desconhecido da maior parte dos viajantes. não levou 1 minuto até que todos os homens da viagem ficassem embasbacados com a mulher comprometida: linda, simpática, inteligente, gostosa, culta, interessante... depois de dois dias em que só havia um assunto enquanto ela não estava por perto, cogitei a ideia (nem um pouco nobre) de me livrar da sensação de que o pior fracasso é quando você nem ao menos tenta. como agir dessa forma não é moralmente aceito, a probabilidade de eu me dar mal era quase de 100% e, principalmente, eu estava louco pra brincar de Dado, reuni a galera, and I made my call: "jogo o dado e, se cair o 6, eu chego nela". vocês bem podem imaginar o espanto geral quando Dionísio colocou a face 6 estampada pra cima bem no meio da mesa. mesmo com os Deuses ao meu lado, fui ainda desacreditado: não sabiam eles que não se desobedece o Dado. chegado o momento fatídico, me surpreendi com a sua reação: ficou completamente dividida entre o que ela queria fazer e o que ela tinha que fazer. foi nesse momento que tomei a decisão errada (o que provavelmente não teria acontecido se tivesse perguntado ao Dado): ao invés de beijá-la, optei por trocar emails, evitando que se sentisse culpada e acenando para a possibilidade de uma aproximação menos fugaz. o restante do feriado foi constantemente entrecortado por trocas de olhares, e a comunicação seguiu pelas duas semanas seguintes via correio eletrônico. ao fim de muita hesitação, sua decisão foi a cômoda: ela não pôs fim ao seu namoro. se ela tivesse uma memória física de mim, penso que as coisas poderiam ter sido diferentes. me fudi: fiquei super apaixonado por um bom tempo.

A Religião

o Homem dos Dados funda uma religião onde a aleatoriedade é a Divindade. ainda que muitos acreditem no determinismo, como o filósofo e matemático francês Laplace,

"Nós podemos tomar o estado presente do universo como o efeito do seu passado e a causa do seu futuro. Um intelecto que, em dado momento, conhecesse todas as forças que dirigem a natureza e todas as posições de todos os itens dos quais a natureza é composta, se este intelecto também fosse vasto o suficiente para analisar essas informações, compreenderia numa única fórmula os movimentos dos maiores corpos do universo e os do menor átomo; para tal intelecto nada seria incerto e o futuro, assim como o passado, seria presente perante seus olhos."

o relevante aqui é que ninguém discorda que, pelo menos até onde a nossa inteligência alcança, o comportamento do Universo é aleatório. para quem se interessa em como a aleatoriedade afeta a nossa vida cotidiana, recomendo a leitura de O Andar do Bêbado, de Leonard Mlodinow.

O Homem dos Dados faz uma paródia ao Salmo 22:

"O Dado é o meu pastor; nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos, e eu me deito;
Guia-me a águas tranqüilas, e eu nado.
Destrói a minha alma;
Guia-me pelas veredas da justiça.
Por amor à causalidade.
Sim, ainda que andasse pelo vale da sombra da morte,
Não temeria o mal, pois o Acaso está comigo.
Teus dois cubos sagrados me consolam.
Preparas uma mesa para mim
Na presença dos meus inimigos.
Unges a minha cabeça com óleo,
O meu cálice transborda.
Certamente a bondade e a misericórdia e o mal e a crueldade
Me seguirão
Todos os dias da minha vida:
E habitarei para sempre na casa do Acaso."

O Porém

a aleatoriedade é comprometida no livro pelo fato que o próprio Luke é quem decide as opções do dado - mesmo ele estando ciente disso e procurando sempre incluir pelo menos uma opção que o desagrade muito.

fico pensando.. e se outra pessoa escolhesse as opções do Dado?

ou: será que Luke iria gostar da dominação psicológica do BDSM?

ou ainda: e se existisse um Livro que contivesse todas as possibilidades de ações, além de uma maneira de acessá-las através do Dado? nesse caso teríamos o perfeito estado da aleatoriedade!

O Absurdo Normal

O Homem dos Dados propõe que nós dêmos a oportunidade de todos os nossos caprichos aflorarem. e não são justamente esses sentimentos reprimidos os mais verdadeiros, os mais representativos de nós mesmos? por isso sou aficcionado por excentricidades, particularidades, singularidades, subjetividades, peculiaridades e arbitrariedades, uma vez que reconheço sinceridade na diferença. numa sociedade em que quase tudo é fachada, nada é mais belo que a Verdade

o seu Absurdo
parece-me tão normal
quanto o seu Normal
soa-me um completo absurdo

qualquer pessoa ou situação tem algo de Verdadeiro para me acrescentar.. eu gosto de acreditar nisso.