quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Exame Olfativo do Vinho

A manifestação sensorial mais encantadora do vinho são seus aromas. Encerrado na garrafa por meses, anos, décadas, o vinho se desenvolve, evolui, como um ser vivo desenvolve seu metabolismo químico de forma cada vez mais rica e surpreendente.

A principal característica dos grandes vinhos, que os diferenciam dos vinhos mais simples, é sua capacidade de evoluir e desenvolver esse maravilhoso conjunto de aromas que encanta nossa mais rica percepção, o olfato.

O sentido do olfato é percebido na cavidade nasal, numa pequena área da mucosa, de poucos milímetros de extensão, onde se localizam as células nervosas responsáveis pela captação dos estímulos olfatórios.


O exame olfatório é realizado colocando-se o nariz junto à boca do copo e cheirando vigorosamente, de preferência alternando-se as narinas direita e esquerda.

OS AROMAS
1. Qualidade
A primeira coisa que se deve observar é se os aromas do vinho são agradáveis ou não. Aromas desagradáveis significam que o vinho é mal feito, de má qualidade ou está deteriorado.

2. Intensidade
Um bom vinho deve ter aromas facilmente perceptíveis, embora não necessariamente intensos. Os vinhos inferiores são fracos em aromas. Os grandes vinhos têm aromas intensos ou sutis porém complexos

3. Classificação
Para padronizar a degustação, classificamos os aromas em grupos, devido à sua origem no metabolismo do vinho e suas características nítidamente diferenciadas.

3.1 Aromas Primários
São aromas provenientes das uvas. Geralmente não persistem no vinho, já que durante a fermentação, além dos produtos finais (álcool e CO2), formam-se muitas substâncias secundárias aromáticas que mascaram os aromas da uva. Em vinhos provenientes de uvas muito aromáticas, como a Moscatel e a Gewürztraminer, o aroma primário dessas uvas pode ser encontrado.

3.2 Aromas Secundários
Em geral, são provenientes de muitas substâncias formadas durante o processo de fermentação. Constituem os aromas predominantes nos bons vinhos. O mais comum é o do álcool.

BRANCOS - Os vinhos brancos e rosés geralmente lembram frutas frescas (maçã, abacaxi, pêssego, pêra, etc.), flores (rosa, cravo, jasmim, etc.) e às vezes, aromas mais complexos: aromas adocicados (compota, mel, melado, etc.), aromas vegetais ou herbáceos (feno, grama, hortelã, menta, etc.) e minerais (petróleo, etc.).

TINTOS - Nos vinhos tintos, em geral, encontramos aromas de frutas vermelhas (cereja, amora, groselha, cassis, etc.), de frutas secas (ameixa, avelã, amêndoa, nozes, passas, etc.), de especiarias (pimenta, canela, baunilha, noz moscada, orégano, tomilho, alcaçuz, anis, etc.) e vegetais ou herbáceos (feno, grama, hortelã, menta, etc.), aromas animais (couro, suor, etc.), aromas empireumáticos (torrefação, tostado, defumado, tabaco, café, chocolate, açúcar-queimado, etc.), aromas de madeira (baunilha, serragem, etc.), aromas adocicados (compota, mel, melado, etc.), aromas químicos e etéreos (acetona, álcool, enxofre, fermento, pão, leite, manteiga, etc.) e muitos outros aromas!

3.3 Aromas Terciários
Representam, na realidade, o conjunto dos aromas anteriores, somados aos aromas mais complexos, originados durante o amadurecimento do vinho na barrica de madeira e/ou ao seu envelhecimento na garrafa. São aromas ditos "evoluídos" e constituem o chamado buquê que existe nos bons vinhos tintos e em alguns brancos de excepcional qualidade.

Outros artigos da série
Degustação - 18/8
Exame visual do vinho - 25/8
Exame Gustativo do Vinho - 09/9

2 comentários:

  1. Uma garrafa de vinho bem escolhida é ''meio caminho andado''

    O problema dos enologia é a tenue fronteira que a separa do pedantismo.

    No fundo, as vezes, apreciar se torna um clube, ou um ato individual (quando nao se tem com quem compartilhar)

    abraços

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  2. É realmente um risco. E justamente por isso a proposta do clube do qual eu participo, encabeçado pelo consultor enogasntronômico Lauro Carvalho, é "tirar a gravata do vinho". A gente bebe vinho sentado no chão e falando besteira. Também é por isso que eu falei logo no primeiro post q o q importa é o seu gosto pessoal.

    Ter essas noções d degustação serve apenas para apreciar mais detalhes do vinho e não para alimentar preconceitos. É como olhar uma pintura. Sabemos que conhecer o contexto ajuda a entender a obra. Isso pode fazer você gostar mais ou menos de um determinado quadro, mas sempre vai ser uma questão pessoal.

    Nunca vai existir um vinho MELHOR que outro, mas vai existir um vinho mais rico, mais elaborado ou que mais lhe agrada. E quanto mais você conhecer, mais vc vai poder perceber essas coisas.

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