sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Não vou votar

Decidi que nestas eleições não vou votar. Simples assim. E não falo que vou anular meu voto. Pretendo realmente ficar em casa ou fazer alguma coisa mais útil. Bolei uma conversa meio esquizofrênica pra tentar explicar meus motivos. Começa com um leitor imaginário contestando minha decisão.

Leitor Imaginário: Política é coisa séria. Você não pode se abster.
Will: Concordo que política é algo sério. Tão sério que eu me recuso a corroborar essa palhaçada que temos visto por aí. Nada contra o indivíduo por trás do personagem, mas me recuso a levar a sério um partido que aceita sob sua legenda candidatos que ofendem a inteligência do povo. Alguém já viu a campanha do Tiririca (pior do que tá não fica)?! Quais as propostas desse cara? Já pensei em votar em criaturas assim como protesto, mas isso só dá mais votos pro partido X e ajuda eles a chegarem no poder. Não é isso que eu quero.

Leitor Imaginário: Mas nem todos os candidatos são cômicos.
Will: De fato não. Tem os safados e os incompetentes também. Você acha mesmo que algum candidato realmente vale o seu voto? Ainda que você queira acreditar que algum candidato ali possa ter boas intenções e competência pra levá-las a cabo, sabemos que esses são minoria e seria muito difícil que as coisas dessem certo pra essa pessoa inserida em um contexto tão maculado quanto é o nosso cenário político.

Leitor Imaginário: Mas você tem que ajudar a eleger alguém que não vá ser tão ruim quanto o candidato Fulano de Tal.
Will: Dos males o menor?! Nem pensar! Como eu disse, política é algo muito sério pra eu pensar dessa forma. Votar é depositar sua confiança em alguém. É declarar que você aprova aquela pessoa. E, sinceramente, eu duvido que eu aprovasse qualquer um dos candidatos atuais. E mesmo que algum deles se salve, não aprovo o sistema.

Leitor Imaginário: E por que você não anula seu voto então?
Will: Já vi campanhas pelo voto nulo e também já pensei em aderir. Realmente se tivéssemos 50% da população que pode votar anulando seu voto, creio que algo deveria ser revisto no sistema. Ao menos eles iam se tocar e se esforçar mais pra permanecerem no poder. Mas anular o voto é aprovar uma série de outras coisas, apesar de reprovar os candidatos. O voto nulo ainda é um "sim" à democracia, às eleições diretas, ao sistema parlamentar e a uma série de outras coisas das quais cada vez mais eu discordo. Mas, principalmente, o voto nulo ainda é uma aprovação à obrigatoriedade do voto. Sou terminantemente contra isso. É a causa de muitos dos nossos problemas: termos pessoas despreparadas ou desinteressadas votando simplesmente por coerção.

Leitor Imaginário: Mas se você não votar, você vai ter que enfrentar as conseqüências legais.
Will: Que medo... Não vou poder me assumir nenhum cargo público. Foda-se! Nunca tive NENHUM interesse nisso. Também não vou poder tirar visto pra outros países. Foda-se ao quadrado! Nunca curti viajar, muito menos pro exterior. Nosso país ou mesmo nosso estado (Rio de Janeiro no meu caso) tem o bastante a me oferecer pra que eu sinta necessidade de ir pra fora. Se alguém souber de outra conseqüência que me convença a votar, fique à vontade pra me dizer. Ainda dá tempo.

Leitor Imaginário: OK, mas eu não quero que essas coisas aconteçam comigo, então vou votar e torcer pro meu candidato ser eleito e tornar o nosso país um lugar melhor.
Will: Se você pretende tentar concurso público ou viajar, beleza. Se você não quer ter que pagar os R$3,50 da multa, OK. Agora, se você é como a maior parte do povo brasileiro, que não vai tentar concurso nem extrapolar as fronteiras nacionais, por que se preocupar? O que me incomoda é que a maior parte das pessoas que têm medo dessas punições nunca seria de fato prejudicado por elas. Talvez se não fosse mais obrigatório, as pessoas desenvolvessem a consciência política que anda fazendo tanta falta.

E eu também vou torcer pro eleito, qualquer que seja, tornar o nosso país um lugar melhor. E vou cobrar se ele fizer merda. Não é porque eu não votei que não posso cobrar. Ainda é o meu dinheiro que paga o salário dele e, como patrão, eu tenho o direito de cobrar sim.

Decidi não dizer mais "sim" pra coisas com as quais eu não concordo. E decidi fazer isso publicamente aqui no blog porque meu protesto sozinho não vai mudar nada. Gostaria muito de fazer mais pessoas a aderirem à minha idéia ou até ser demovido dela. Talvez eu esteja errado e alguém possa me convencer a visitar a urna no dia 3. O importante é conversarmos, trocarmos idéias, pensarmos política.

Mas seja sincero... Você se sente realmente representado por aqueles que estão no poder ou por aqueles que você pretende colocar lá?

Nenhum comentário:

Postar um comentário