domingo, 12 de setembro de 2010

Conselho Religioso: Matrimônio

Semana passada prometemos começar hoje um projeto que consiste em abordar determinados temas sob a ótica de diferentes religiões. O tema desta semana é matrimônio. A má notícia é que aquele que sugeriu o tema, o Michaell, nosso católico, não nos enviou seu texto. Tão logo ele o faça, nós atualizaremos este post. A boa notícia é que um ateu se uniu ao grupo. A apresentação dele você contra no post de apresentação da série, junto com as dos outros membros do nosso conselho.

A Sandra, que nos fala sob a ótica kardecista, mandou um texto um pouco maior do que o combinado. O acordo eram 3 parágrafos pra cada um, afinal, ninguém tem saco pra ler muito em blogs. Sei que é difícil, mas acho necessário. Tentei entrar em contato, mas a resposta ainda não veio, então resolvi agir por conta própria. Cortei uma citação no começo do texto e uma espécie de introdução, deixando apenas o que me pareceu o cerne do texto dela.

A ordem das dissertações foi decidida por sorteio.


Visão kardecista (Sandra)
Emmanuel, um espírito psicografado por Chico Xavier, em “Vida e Sexo” nos apresenta três tipos de casamento:
Casamento de provação: Casamento dito como “infeliz”: Na vida passada, o homem e a mulher eram inimigos (não necessariamente reencarnam no mesmo sexo), e na nova vida necessitam construir esse matrimonio e passar por situações difíceis.

Casamento pleno: Casamento constituído por dois espíritos que possuem afinidades. Sempre se encontram nas vidas terrestres (como amigos, parentes,...). Quando estão destinados a formarem um casal constroem um casamento pleno, casamento feliz, onde o objetivo é formar bons cidadãos para a sociedade.

Casamento de resgate: Esse ocorre quando há uma necessidade de resgate de certos débitos da vida passada. Um indivíduo que erra com o outro voltam à vida carnal com o objetivo de consertar o erro passado.


Visão ateísta (Eric)
Tendo em vista que o ateísmo não é uma religião, mas sim a ausência de crenças religiosas, ele não tem ligação direta com quaisquer valores morais. Não obstante, os ateus ativistas em sua maioria são estudiosos, filósofos e cientistas que tendem a compartilhar certos valores morais seculares que unam bom-senso e investigação racional. Além disso, estes ateus costumam ser fortes críticos dos valores religiosos que ferem o bom-senso. Portanto, darei a visão secular mais comum a cerca do matrimônio e também algumas críticas às visões das principais religiões sobre o tema.

O matrimônio/casamento é uma união afetiva e econômica de diferentes indivíduos, formalizada através de um contrato entre as partes. O objetivo do matrimônio é a formação de uma família (não necessariamente com filhos), onde os seus membros procuram se ajudar na busca da felicidade. Por vezes o casamento também é usado por outros motivos como ganhar novas cidadanias ou aplicar o famoso "golpe do baú", mas estes não representam a sua essência. O matrimônio é atualmente limitado pelos governos e pelas religiões. Ambos se dizem capazes de julgar quem deveria se casar e sob. quais termos. Foquemos nas religiões.

O maior problema das religiões é que elas dependem da doutrinação de crianças. É quase certo que uma criança criada em uma comunidade católica será católica, outra nascida no islamismo será muçulmana e outra nascida no hinduismo será hindu. Isso limita a liberdade de escolha destes indivíduos quanto a aspectos fundamentais de suas vida, como o matrimônio. A maioria das religiões só permite que seus membros se casem com membros de sua própria religião. Muitas pregam o casamento arranjado pelos pais. O islamismo permite o casamento do homem com várias mulheres, mas não de uma mulher com vários homens. O judaismo e o cristianismo proíbem a união de indivíduos do mesmo sexo ou a união poligâmica. O cristianismo proíbe a separação, criando assim uma possível escravidão eterna. Por fim, as religiões abraãmicas (judaísmo, cristianismo e islamismo) condenam o adultério com o apedrejamento até a morte. Felizmente é uma minoria que ainda segue esta última atrocidade.


Visão dionisíaca (Will)
O casamento é de competência de Hera, deusa do lar e da família, inimiga de Dionísio (e de quase todos os personagens das histórias gregas). Mas isso não quer dizer que uma vida dionisíaca e o matrimônio sejam coisas completamente inconciliáveis. Não podemos esquecer, afinal, que Baco teve, dentre muitas amantes, sua preferida. É complicado estabelecer uma cronologia das lendas que envolvem o deus (ao menos eu nunca encontrei uma satisfatória), mas é fato que a princesa Ariadne, de Tebas, foi a mais importante companheira de Dionísio, aquela que ele homenageou no firmamento com a constelação Corona Borealis.

Vemos então que a idéia de amor e de uma relação amorosa realmente significativa faz sentido pra indivíduos dionisíacos. A própria tiara que foi atirada aos céus e virou a constelação foi um presente que Baco encomendou a Hefestos e que pode muito bem ser interpretada como uma aliança de noivado pois, como tal, representaria e firmaria o compromisso (qualquer que fosse) que eles teriam um com o outro.

O casamento se manifesta de fato na cerimônia e só nela. Nada muda depois. E esta cerimônia funciona simplesmente como um ritual de declaração de um para o outro e de ambos para a sociedade como um todo, afirmando o sentimento que têm entre si. Pode ser um comentário gay, mas acho lindo pensar dessa forma. O problema é que aí vêm conceitos forjados como família, monogamia, fidelidade, lar, até que a morte os separe... Voltamos a Hera e isso eu acho um sério problema!

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