segunda-feira, 19 de abril de 2010

Exposição Fake

A National Gallery de Londres fará uma exibição dedicada a falsificações de pinturas. A mostra se chamará Close Examination: Fakes, Mistakes and Discoveries (algo como Análise Minuciosa: Falsificações, Erros e Descobertas). Serão exibidas obras que foram discretamente retiradas de exibição após pesquisas mostrarem que elas não eram o que se pensava.

Trata-se de uma celebração da "colaboração notável de cientistas, restauradores e historiadores" na galeria central de Londres. Espalhadas por seis salas, as obras representam alguns dos maiores desafios enfrentados pelos especialistas.
"Vênus e Marte" acima
e a falsa "Uma Alegoria" abaixo

Em junho de 1874, a galeria pagou mais por uma falsificação do que por um Botticelli genuíno quando duas peças foram adquiridas ao mesmo tempo. "Venus e Marte" foi comprada junto com a ainda mais cara "Uma Alegoria". Só mais tarde foi descoberto que esta última fora pintada por um seguidor no estilo de Botticelli. As pinturas serão dispostas lado a lado na exibição.

O trabalho de um artista alemão menos conhecido (à direita)
 foi alterado para parecer com o Holbien (à esquerda).
Também estará em exibição uma obra adquirida em 1990 que acreditava-se ser de Holbien, mas que análises microscópicas revelaram que "Portrait" de Alexander Mornauer (about 1464-88) foi alterada para parecer uma obra do mestre alemão. Restauradores conseguiram remover essas alterações para devolver a obra à sua aparência original.
"The Madonna of the Pinks", redescoberta em 1991
A pintura original "The Madonna of the Pinks", de Raphael, cujo paradeiro era desconhecido até 1991, também estará exposta. Durante uma visita ao Castelo Alnwick, em Northumberland, o Dr. Nicholas Penny (agora diretor da National Gallery) reparou na pintura e decidiu fazer um exame cuidadoso. O infravermelho confirmou que a obra era um genuíno Raphael.

As mais de 40 obras de arte ficarão em exposição de 30 de junho a 12 de setembro.

[Oráculo:  BBC]

Ver esses casos, principalmente o da obra falsificada que custou mais ao museu do que a original, me faz pensar no que as pessoas realmente buscam em obras de arte. Seria um nome algo tão mais importante que o conteúdo? Deveria o conteúdo ser desmerecido tão facilmente a partir do momento em que se percebe que não era do artista X? A obra em si fica diferente quando se descobre que é falsa?

3 comentários:

  1. Esse tema é complicado!

    Geralmente a obra de arte original reflete os valores e conceitos de um período específico, algo semelhante acontece na arquitetura quando edifícios antigos de determindo estilo e época são tombados como patrimônio histórico.

    Outro fator importante é que a obra está associada a história de vida do artista, suas idéias, conflitos, anseios e a forma distinta como enxergava seus contemporâneos. Muitos desses grandes artistas foram gênios que romperam com os padrões de comportamento de sua época e chegaram até a iniciar algumas importantes revoluções filosóficas, que ainda hoje tem o poder de transformar a forma como compreendemos o mundo.

    Invariavelmente, quanto mais revolucionário é o artista, mais valor tem suas obras, independente de qualificações técnicas, o que se compra muita vezes é esse pacote de conceitos. Então, o original ganha força por conta disto.

    Agora, se formos levar em conta somente a técnica, o cara que faz uma imitação perfeita de uma pintura do Raphael ou do Michelangelo (este último tb iniciou sua carreira como falsificador de obras da grécia antiga), merece um baita respeito, pois não é um trabalho fácil e o falsificador tem que ser mesmo um super fodão para reproduzir os detalhes com fidelidade absoluta.

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  2. Concordo q esses valores é q realmente importam.

    Mas se a obra falsificada consegue enganar, mesmo que por pouco tempo, especialistas, ñ significa q ela transmite os mesmos valores que a original? Ainda que ñ tenha o mesmo respeito por ñ ser uma idéia original, os conceitos são os mesmos ou algo muito próximo. Essas obras me parecem ter mais valor histórico do que artístico.

    Nem sou contra que o preço das falsificações deva ser infinitamente menor q o das originais. Acho q a minha implicância é só com a negação dessas obras. Os mesmos conceitos do período específico estão ali. As mesmas idéias, conflitos e anseios estão ali. O mesmo tipo de expressão revolucionária está ali. Pode ñ ser mais revolucionária e os pensamentos expressos são todos falsos, mas ainda estão ali.

    Quando eu vou ao museu, eu quero ver a carta que princesa Isabel assinou. Ñ aceito falsificações. Mas qnd vou a uma galeria de arte, vou pra ver o pensamento e expressão do artista. Q diferença faz se são os pensamentos mesmo ou se é apenas alguém "citando" o artista original?

    Eu sei q pro artista vivo isso pode ser incômodo, mas acho q esses artistas revolucionários iriam querer mais é q suas idéias se propagassem.

    Resumindo meu pensamento: galeria não é museu.

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  3. Ah...só pra não ficar parecendo que eu desprezo essas falsificações, devo ressaltar que acho o trabalho desses caras muito foda. Na verdade é até motivo de certo orgulho ter as habilidades necessárias para copiar tão perfeitamente determinados artistas, antigamente era comum que alguns desses trabalhos de pintura chegassem a demorar 3 anos ou mais de dedicação constante para ficarem prontos devido a enorme complexidade dessas obras.

    Eu sei como é pois já tive que fazer releituras de quadros antigos e nem sempre da pra deixar tudo igualzinho ao original...rsrs.

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