terça-feira, 6 de abril de 2010

o sémen e a flor

à flor da pele, sem cor
brota a semente da presença
como que florida de nascença
de fotossíntese do semeador

a flor da pele, o candor
floresce pavidamente
da sensação impotente
de que semea dor o semeador

mas, à flor da pele, a flor da pele
sensibiliza-se, semeada cutaneamente
que, desflorada de seus entrementes
semea amor o semeador

3 comentários:

  1. Lindo poema, parabéns! Gostei muito mesmo.

    Fiquei curiosa com a palavra "fotossíntese". É um fenômeno que as plantas usam para se alimentar (se bem me lembro das aulas de biologia da escola), mas não percebi a relação com o semeador que, pelo meu entendimento, seria um homem. Na verdade, eu pensei que essa fotossíntese relacionada ao homem dá um sentido de que ele é responsável pela vida.

    Uma dúvida... na segunda estrofe, é "à flor da pele" ou "a flor da pele"?

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  2. em obras de arte em geral, acho fundamental que o observador não tenha ciência da intenção do autor, pois a plurissignificação, a capacidade da obra em despertar entendimentos e sentimentos diferentes em pessoas diferentes, contém grande parte da essência artística da obra. eu e o Will estávamos discutindo isso em outro post, o Escadaria para o paraíso.

    enfim, vou dar uma pincelada, mas não vou dizer se o semeador é um homem ou não, hehehe

    fotossíntese é o meio pelo qual o semeador se alimenta.. o semeador fazer fotossíntese é ele, de maneira intuitiva, natural e espontânea, alimentar-se a si mesmo..

    porém, existe uma "sensação impotente" que faz com que o semeador floresça apenas timidamente, temerosamente..

    a maneira de se livrar de tal sensação seria o semeador se desflorar de seus entrementes

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  3. ah, Kika, na segunda estrofe é "a flor da pele" mesmo

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