domingo, 27 de dezembro de 2009

Cotas Sociais

No último fim de semana, fui convidado para um jantar na casa de um amigo. Nada romântico, aviso logo. Depois de comermos, as garotas foram pra cama [isso mesmo, usem sua imaginação para visualizar as duas fêmeas na mesma cama] e eu e mais dois garotos ficamos discutindo religião. Dizem que não se discute gosto, religião, política e futebol. Foda-se.

Um dos amigos é católico do tipo que conversa mesmo com Deus. O outro, como diria o orkut, "tem um lado espiritual independente de religiões" e certa tendência oriental. Eu fiquei de fora a maior parte da discussão, porque prefiro ouvir o que cada um pensa a tentar impor a minha visão das coisas. Ao menos no primeiro momento. Depois eu penso sobre o assunto e ataco com tudo, fazendo os outros chorarem.

Falando sério, foi um papo bem interessante e serviu para eu respeitar um pouco mais os cristãos. Quem me conhece sabe que a ICAR (Igreja Católica Apostólica Romana) é meu inimigo declarado, mas este amigo provou que alguns católicos não merecem esse ódio todo. Na verdade, ele era bem mais cabeça aberta do que o outro integrante do debate, que não admitia nada que fugisse à sua lógica pré-estabelecida. O cristão era irredutível em sua fé, mas ela não era cega. Era ponderada e até bem lógica (se é que isso é possível). Ele nos ouvia e sabia concordar.



Uma das meninas acordou [sim, elas estavam dormindo e não transando, desculpa gente] e entrou na discussão. Esta sim tinha a tal da fé cega, apaixonada. Via nela os argumentos de alguém que ouviu as mesmas coisas desde pequena e nunca pensou no assunto. Ela me lembrou por quê eu tenho desprezo pelo fervor religioso. Ao contrário dela, o meu amigo já questionou muito sua fé e encontrou motivos fortes para continuar nela. Era apaixonado sim, mas não era essa paixão que ele invocava ao conversar conosco. Procurava apenas se explicar.

Eventualmente, entrei na conversa e apresentei meus pontos de vista, assim como minha crença em Dionísio como força libertadora intrínseca à humanidade. Questionei algumas coisas, critiquei outras e até concordei de vez em quando. Alguns dessas reflexões serão publicadas aqui muito em breve em uma coluna chamada Ensinamentos Bíblicos, em que farei uma análise em cima de textos da bíblia e das lições que eu vejo que ela quer passar. [Momento teaser do SBT: AGUARDE...]

Toda essa historinha foi para mostrar a importância de se conhecer pessoas diferentes e ouvir o que elas têm a dizer. Eu nunca pensaria que um católico poderia me dar respostas aceitáveis para as coisas que eu perguntei. Não concordo com a interpretação dele assim como ele não concorda com a minha, mas ambos vemos lógica no pensamento do outro. Isso é bom. Agora vou me esforçar mais para conseguir argumentos fortes, que serão mais eficientes do que os que eu tinha antes.

Estava lendo meu post anterior e vi que coloquei "nazistas são maus" entre as tais verdades sobre as quais ninguém reflete. Se alguém leu, isso pode ter causado certo estranhamento. Escrevi meio sem pensar, só para citar algo que ninguém discute mesmo. Acontece que que lembrei agora de um amigo meu que é nazista. Talvez  seja um momento oportuno para dizer que eu sou uma pessoa bem servida de melanina. Tinha medo desse cara no começo. Apesar de eu não me considerar, há quem diga que sou negro. Vai que o nazista resolve me bater com um taco de basebol quando eu virar as costas? Falei isso pra ele e ele me tranqüilizou. Disse até algumas coisas bem legais sobre o nazismo. Quase me filiei.

Talvez ele não seja um nazista de verdade, talvez tenha mentido pra mim quando explicou sua filosofia... Sei lá. O fato é que não valeria a pena riscar aquela pessoa da minha vida só por causa do que fez o nazismo alemão e do ódio nascido a partir daí. Esse nazista é muito gente fina.

Tenho amigos playboys, amigos pseudo-intelectuais, amigos gays, amigos machistas, amigos ricos, amigos pobres, amigos religiosos, amigos ateus e até uma amiga virgem. Não proponho aqui que mantenham amizade com gente que não tem nada a ver com vocês, isso é coisa minha. Tenho mania de Poliana e procuro coisas legais e todo mundo. Só quero mostrar a importância de estarmos abertos ao diferente, ao novo e ao que o outro tem a dizer. Continuando a lógica do post anterior, não vamos nos fechar às verdades que temos sobre as pessoas.


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