quinta-feira, 19 de março de 2009

Defendendo Dom Dedé

Muita polêmica girando em torno do caso de excomunhão de uma mãe e uma equipe de médicos que optaram por realizar o aborto numa menina de 9 anos vítima de estupro e que ficou grávida de gêmeos. A gravidez de gêmeos já representa risco normalmente, numa menina de 9 anos a coisa fica ainda mais grave. Levando em conta que o padrasto dela a violentou, não houve mistério para a mãe, para a equipe médica e para a justiça brasileira: o aborto era urgente.

Um bispo foi contra. Segundo ele, estariam excomungados a mãe e os médicos, e a garota só escapou pois era muito nova pra ser responsabilizada. Conhecido como Dom Dedé, ele tem sido conhecido por sua cruzada conservadora. Agora toda a grande mídia está contra ele e a população também. Por todos os argumentos do primeiro parágrafo, acham que o bispo deveria "quebrar essa" pros envolvidos.

O tal bispo disse à revista Época que ele não excomungou ninguém, apenas citou uma lei da bíblia que diz que quem pratica o aborto está automaticamente excomungado. Me corrijam se eu estiver errado, mas acho que esta lei realmente existe e duvido que algum católico não conheça tal regra. Se não concordam com a excomunhão, ótimo. Mas o que o Dedé tem a ver com isso? Ele só fez cumprir (ou só avisou sobre) uma lei que não foi ele quem criou. Reclamem com o autor do livro.

No censo realizado em 2000 pelo IBGE, 73,6% da população brasileira se declarou católica. Destes, 40% afirmavam ser católicos não-praticantes, mas estima-se que apenas 15 a 20% realmente participem dos sacramentos. Se nossa população dá cada vez menos importância ao que a religião diz, por que dar tanta importância à excomunhão?

Não tenho como provar, mas suspeito que a mãe e os médicos não fazem parte desses poucos católicos de verdade e, se fazem, conhecem a lei que os proibia de ter feito isso. Fizeram uma escolha que, pra mim, foi muito sensata: preferiram interceder pela sobrevivência da criança a temer o banimento de uma religião que não sabemos se é correta. Estavam cientes das conseqüências e ainda assim fizeram o que acharam melhor.

Ainda tem gente que reclama que o padrasto não foi excomungado. Até onde eu sei, ele não participou da história do aborto. Aposto que a bíblia diz que ele vai pro inferno pelo que ele fez, mas a excomunhão não se aplica. Pelo menos não por causa do estupro.

Aí eu pergunto: o que o bispo fez de errado nessa história? Se fosse um julgamento normal, o acusado tentaria convencer o juiz de que seu caso merece um perdão devido aos atenuantes. Por que então fazer tanto fuzuê se a questão vai ter que ser resolvida com "o cara lá de cima"?

2 comentários:

  1. o problema do bispo é que ele se manifestou sobre um assunto que é pacífico na lei brasileira, gerando uma polêmica a toa

    essa marcha conservadora ele ja fazia antes desse caso ou foi so agora que ele resolveu aparecer?

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  2. Ela tem todo o direito d entrar em depressão por "saber" q vai pro inferno. Mas eu concordo q o padre só deu o recado. Quem fez a lei foi Deus e quem desrespeitou (por um motivo mais do q nobre, na minha opinião) foram a mulé e os médicos.

    Eu me coloco no lugar da mãe e acho q eu ficaria mt triste por ter um encontro marcado c/ Lúcifer (se ele existir, acho mesmo q eu tenho). Mas padre nenhum tem nd a ver c/ essa história.

    O Dedé só usou o caso pra lembrar sobre a lei. E acho q funcionou, pq li sobre uma outra pirralha q engravidou e q ñ vai abortar. Vai pro céu. Só esperamos q ñ seja por causa da gravidez... Boa sorte pra ela.

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