segunda-feira, 30 de março de 2009

Brinde

Bacantes não oram. Bacantes brindam. Brindemos sempre antes de beber, de atuar, de transar... antes de nos libertarmos! Deixo pra vocês um brinde escrito por Manuel Bandeira e publicado em 1919. Era seu segundo livro de poesia e o nome da obra é Carnaval. Como declamar o poema inteiro antes de beber é um saco, costumo falar apenas a primeira estrofe. Alguém fala os três primeiros versos, e os outros entoam o quarto. Um brinde ao êxtase e ao entusiasmo!

BACANAL

Quero beber! Cantar asneiras
No esto brutal das bebedeiras
Que tudo emborca e faz em caco...
Evoé Baco!

Lá-se me parte a alma levada
No torvelim da mascarada,
A gargalhar em douro assomo...
Evoé Momo!

Lacem-na toda, multicores,
As serpentinas dos amores,
Cobras de lívidos venosos...
Evoé Vênus!

Se perguntarem: Que mais queres,
Além de versos e mulheres?...
- Vinhos!... o vinho que é o meufraco!...
Evoé Baco!

O alfange rútilo da lua,
Por degolar a nuca nua
Que me alucina e que eu não domo!...
Evoé Momo!

A Lira etérea, a grande Lira!...
Por que eu extático desfira
Em seu louvor versos obscenos,
Evoé Venus!

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