segunda-feira, 28 de junho de 2010

Testemunho de Fé - O Reino Místico

Conto baseado em uma experiência real.

Saímos da aula de teatro e fomos pra uma festa ali perto. Após incontáveis minutos esperando uma caipirinha que só existia no plano das idéias, resolvemos conhecer a festa de fato. Não me agradou a princípio: muitas pessoas, pouca iluminação, filas demasiado grandes. Com o intuito de encontrar uma amiga que chegara mais cedo ao evento, começamos a circular.

"Ela está na Casa da Bruxa", alguém disse logo antes de sumir em meio à multidão. Com a mente sendo preenchida por imagens de como poderia ser o lugar, seguimos as instruções que nos guiariam ao nosso destino. Uma fumaça entorpecente marcava o início do trajeto, como se fossem cortinas que guardavam o desconhecido e ao mesmo tempo nos preparariam para conhecê-lo de mente aberta. Nos afastamos da multidão até que a música e o burburinho não passassem de um leve sussurro na noite. Entramos por um beco na companhia das sombras e atravessamos um portão velho de madeira.

Do outro lado, um reino místico cujos habitantes pareciam não se importar com a nossa presença, como se tivéssmos nos tornado nativos. Ou como se apenas retornássemos ao lugar do qual nunca deveríamos ter saído. Subimos uma escada iluminada por poucas velas. Em meio a passos vacilantes, avistamos a casa abandonada, sem portas ou janelas, como se nos esperasse. O silêncio só era quebrado pelo ritmo acelerado que vinha de nossos corações.

Contornando a casa, uma floresta habitada por seres mitológicos. Ninfas e sátiros repousavam à luz da chama que dançava no centro da clareira. Ao nosso lado estava a mesa do banquete, que tinha no centro uma ânfora com o divino suco de Baco. Sentamos enquanto ouvíamos os cantos teimarem em se misturar aos sons da natureza.

Um aroma suave preenchia o lugar quando um dos sátiros pôs-se a tocar sua flauta. Inebriado pelo espírito dionisíaco, brindei em homenagem a Baco, Momo e Vênus. Exaltei apaixonadamente os encantos do cortejo dionisíaco e, satisfeito, recolhi-me. A ovação ganhou ritmo e embalou a música que veio a seguir.

Na saída, vimos ainda algumas bacantes caídas ao chão, bêbadas e feridas. Vítimas de uma guerra que não tinha vencedores ou vencidos. Apenas atores.

Porque deixamos um lugar tão especial? Tivemos que partir ou aquele reino místico correria o risco de se tornar real.

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