sábado, 10 de outubro de 2009

Por dentro dos filmes

Pra quem não sabe, tá rolando a repescagem de alguns filmes do festival. Fui convidado de última hora por uma amiga pra chegar lá e entrar em qualquer filme. Eu estava com a consciência pesada por tê-la convidado pra um filme que era a manifestação do tédio na última vez que saímos, então topei. Chegamos cinco minutos após a última sessão começar, então não teve muito mistério sobre qual assistir: Águas Turvas.

O filme foi incrívelmente bom, do tipo que te envolve com o drama dos personagens e faz você não querer sair daquela realidade. Há muito não tinha uma experiência desse tipo, talvez tenha sido a primeira. Mas o filme não era nada dionisíaco e não há porque eu ficar falando dele. É apenas uma ilustração para uma reflexão mais profunda.
Foi a segunda vez que fui ao cinema com ela e ela faz questão (neste filme de sexta, mais ainda) de ficar o quanto pode no cinema. Achei que era em respeito às pessoas que colaboraram com o filme e apareciam nos créditos, mas ela me explicou que era uma recusa a retornar à realidade. Achei bem interessante a entrega dela à realidade alternativa apresentada pelas obras cinematográficas. Perguntou se eu nunca me senti da mesma forma (sem querer voltar ao mundo real) e eu ponderei que acontecia, mas também há ocasiões em que desejo desesperadamente abandonar a ficção e nunca mais olhar para trás ou ainda filmes que se mostram incapazes de nos levar ao universo criado por eles.
Discutimos na última Reunião de Cópula o quanto a mente dos loucos é realmente livre. Presa em uma realidade que não corresponde à realidade da maioria das pessoas. Eu defendia que os "sãos" são presos a uma realidade que simplesmente corresponde à realidade aceita pela maioria (e ainda assim existem pequenas diferenças entre as visões dessa realidade). Mergulhar de cabeça em uma realidade cinematográfica, literária, musical ou qualquer outra talvez seja a forma mais saudável e permitida pela constituição de libertar nossa mente e nossa alma. Em certo sentido, todos ficamos loucos em algum momento, mas quem disse que isso é ruim?

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