sexta-feira, 19 de junho de 2009

Carmina Burana neste fim de semana

A Escola de Música da UFRJ fará apresentações da Cantata CARMINA BURANA de Carl Orff nos dias 20 e 21 de junho, às 18:30, na própria escola. O endereço é Rua do Passeio, nº98 - Centro. É de graça e estão todos convidados.



Os carmina burana são textos poéticos contidos em um importante manuscrito do século XIII, o Codex Latinus Monacensis. O códex comprende 315 composições poéticas, em 112 folhas de pergaminho. Atualmente o manuscrito encontra-se na Biblioteca Nacional de Munique. Carl Orff, descendente de uma antiga família de eruditos e militares de Munique, teve acesso a esse códex de poesia medieval e arranjou alguns dos poemas em canções. O códex é dividido em seis partes:

- Carmina moralia et satirica (1-55), de caráter satírico e moral;
- Carmina veris et amoris (56-186), cantos primaveris e de amor;
- Carmina lusorum et potatorum (187-228), cantos orgiásticos e festivos;
- Carmina divina, de conteúdo moralístico-sacro (parte que provavelmente foi adicionada já no início do século XIV).
- Ludi, jogos religiosos.
- Supplementum, suplemento com diferentes versões dos carmina.


E, pra quem ainda duvida do caráter dionisíaco da obra, destaco aqui a tradução de uma das letras, que desde já entra pra nossa linsta de brindes/orações.

Quando estamos na taberna

Quando estamos na taberna,
não pensamos na morte,
corremos a jogar,
o que nos faz sempre suar.
O que se passa na taberna,
onde o dinheiro é hospedeiro,
podeis querer saber,
escutais pois o que eu digo.

Uns jogam, uns bebem;
uns vivem licenciosamente.
mas dos que jogam,
uns ficam em pelo,
uns ganham aqui suas roupas,
uns se vestem com sacos.
Aqui ninguém teme a morte,
mas todos jogam por Baco.

Primeiro ao mercador de vinho,
é que bebem os libertinos;
uma vez aos prisioneiros,
depois bebem três vezes aos vivos,
quatro a todos os cristãos,
cinco aos fiéis defuntos,
seis às irmãs perdidas,
sete aos guardas florestais.

Oito aos irmãos desgarrados,
nove aos monges errantes,
dez aos navegantes,
onze aos brigões,
doze aos penitentes,
treze aos viajantes.
Tanto ao Papa quanto ao Rei
bebem todos sem lei.

Bebe a amante, bebe o senhor,
bebe o soldado, bebe o clérigo.
Bebe ele, bebe ela,
bebe o servo com a serva,
bebe o esperto, bebe o preguiçoso,
bebe o branco, bebe o negro,
bebe o sedentário, bebe o nômade,
bebe o estúpido, bebe o douto,

Bebem o pobre e o doente,
bebem o estrangeiro e o desconhecido.
bebe a criança, bebe o velho,
bebem o prelado e o diácono,
bebe a irmã, bebe o irmão,
bebe a anciã, bebe a mãe,
bebe este, bebe aquele,
bebem cem, bebem mil.

Seiscentas moedas não são suficientes,
se todos bebem imoderadamente
sem freio.
bebam quanto for, o espírito alegre,
Todo mundo nos denigre,
e assim ficamos desprovidos.
Que sejam confundidos os que nos difamem
e sejam seus nomes riscados do livro dos justos

Io io io io io io io io io io!

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