sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Vai um swing?

Mais um cartum do meu amigo Diego Novaes. Swing pansexual, quem topa?

Carnaval


Não sei muito bem por onde começar este post, pois tudo me parece muito óbvio. Que o carnaval é um acontecimento para lá de dionisíaco, qualquer um pode deduzir. É a festa dos excessos. Cheia de música, bebida, sexo, alegria e até violência. Tudo isso, meus caros, são atributos de nosso deus. E não poderia deixar de ser assim, já que nosso carnaval moderno nada mais é do que um descendente dos cortejos em honra a Dionísio.

Algumas fontes puxam a origem do carnaval até o Egito Antigo, com rituais da fertilidade que continham dança e música, mas foi com a civilização grega que tudo tomou ares mais carnavalescos. Os festejos duravam três dias e serviam como uma espécie de acerto de contas do povo com seus governantes. O miserável vestia-se de rei, o libertino aparece como guia religioso, a rameira posava como a mais pura donzela, machos reconhecidos vestiam-se como fêmeas e assim por diante. Era a sátira, o deboche e o protesto que tomava ares de folia e deixavam tudo e todos de cabeça pra baixo.

Isso tudo acabou desagradando os poderosos, que tentaram reprimir essas manifestações. Como não deu certo, o governante Pisístrato de Athenas oficializou as homenagens. Construiu um templo na Acrópole: o teatro de Dionísio, que está lá até hoje, organizou concursos de peças cômicas ou dramáticas, iniciando assim em Atenas a política do amparo às artes cênicas pelo Estado. Com isso, ele domou o espírito satírico das festas, afinal, quem iria protestar nos festivais contra um governo que apoia e sustenta a os próprios festivais?


Os romanos tiveram seus dias de bacantes também. Ao menos até os cristãos entrarem na jogada. O carnaval não foi proibido, mas Dionísio, a fertilidade e a sátira foram deixados de lado. O carnaval virou então a desculpa que o povo tinha para cair na farra antes de entrar na quaresma, os 40 dias que antecedem a páscoa e nos quais os bons cristãos devem seguir o caminho da oração, da penitência e da caridade. A Igreja ainda recomenda que os fiéis jejuem nesse período, ou seja, o carnaval se a saideira da arte de enfiar o pé na jaca. De fato, foi aí que surgiu o nome do evento: carne vale (adeus à carne em latim). Aposto que a expressão se referia não só ao churrasco, mas também às carnes daquela bela vizinha, que teriam que esperar o período de oração e penitência acabar para serem degustadas novamente.


A história é cíclica e nosso país repetiu os acontecimentos do passado. O carnaval que chegou aqui através dos portugueses com o nome de entrudo, inspirou-se nos ritmos e na capoeira dos africanos e deu alegria e liberdade às camadas populares acabou sendo domado pelos governantes na década de 30. Regulamentos foram impostos e os foliões aceitaram baixar a cabeça em troca de sambódromos, prêmios e outras esmolas dadas pelo Estado.

É inevitável não só com o carnaval, mas com toda manifestação de cultura popular. Fiquemos entretanto com a festa de Momo (deus menor que presidia as festas em roma)... O carnaval sempre vem de baixo, alegrando mulheres, escravos e pobres e dando a eles um direito de resposta, mesmo que psicilógico, àqueles que os oprimem o ano inteiro. Quando os poderosos vêem isso, tratam de reprimir e/ou seduzir aqueles que festejam com uma festa maior e um significado menor.


Fica aqui a dica do Will: NUNCA desfile por uma escola de samba a não ser que seja pra sabotar o evento (minha sugestão é transar em cima do carro alegórico durante o desfile). Se possível, também não assista aos desfiles pela TV. Nada contra mulheres mostrando a bunda e os peitos, mas por que só fazem isso no sambódromo? O ideal é que resgatemos o caráter original do carnaval: teatralização e sátira de figuras e instituições políticas e sociais. Isso de forma alguma nos priva de cantar, dançar, pular, curtir, beber e transar. Só dá a tudo isso um significado mais nobre e consciente.

Quanto a mim? Estarei fantasiado de padre pelos blocos de rua. Nos vemos por aí.

Se quiser um ótimo site sobre o assunto, clique aqui.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

No governo do DF...

Charge muito válida sobre aquela história do dinheiro na cueca. O assunto já é antigo, mas a piada ficou bem atual.



Aproveitando a deixa, brindo vocês com uma charge do Diego Novaes sobre o mesmo tema.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

A Noite do Sexo Liberal 3/6

Sejam bem vindos a mais uma noite de sexo liberal. Já foram a parte um e a parte dois. Hoje vocês continuarão subindo e conhecerão o segundo andar da casa, onde as mais loucas fantasias tomam lugar.

Segundo piso: preliminares
Logo em frente à escada, uma jaula com um “X” junto à parede, onde o “torturado” deve prender seus braços. Muito bom para preliminares e exibicionismos, pois é inevitável que as pessoas parem para prestigiar o espetáculo. "Parabéns, cara" dizem eles. As pessoas usam o espaço das formas mais criativas. Já vi até um funcionário se divertindo por lá.

Um pequeno e escuro labirinto fica bem ao lado deste pedaço sadomasoquista. Na verdade, é um corredor de forma próxima à de um “M” com uma divisória no meio (espero que a imagem consiga fazê-los entender). Esta parede possui os famosos glory holes, por onde quem está de um lado pode apalpar quem está do outro. A idéia original do glory hole é que uma mulher (preferencialmente) fique dentro de uma cabine fazendo o que quiser com os pênises que são colocados através dos buracos, porém a condição de corredor modifica um pouco essa proposta, já que várias pessoas podem entrar e sair pelos dois lados a qualquer momento. Sem contar que é tudo bem escuro. Daí a pegação + apalpação ser tão mais freqüente.


Na parede oposta ficam seis quartos; todos com cama e chuveiro. O primeiro deles é o único que pode ser trancado, mas possui uma janela de treliça na porta para o que se passa lá dentro ser visto por quem estiver do lado de fora. Como a janela é pequena e a treliça dificulta a visão, solteiros costumam acumular-se nesse ponto para ver o povo transando e um funcionário sempre tem de dispersá-los para não obstruir a passagem. Foi ali que estava acontecendo a sessão de massagem quando fui na Sorriso do Coringa. Muito simpático e de voz engraçada, o pequeno massagista de traços indianos me contou que costuma misturar técnicas indianas, suecas e de alongamento em seu trabalho. Uma sessão normal dura cerca de quarenta minutos, mas ali varia de 20 a 30. Nas terças, ele faz a massagem no palco ao ritmo da música que o DJ escolhe e é conhecido nestas festas pelo nome falso de Robson. Também atende em outros eventos pela módica quantia de 100 reais. Eu experimentei e recomendo.

No quarto seguinte, há porta, mas ela não pode ser trancada. Os próximos dois quartos nem isso possuem. O máximo de discrição que se tem lá dentro é poder controlar a luz, o que não impede que vários solteiros fiquem o mais perto possível para tentar ver alguma coisa enquanto se masturbam e/ou tentam participar da diversão do casal, trio, grupo, time, gangue... Para os homens, participar é bem mais complicado que para as mulheres. Quando fui com a Nerd, foi só ela sentar na cama para a mulher (que dava para um enquanto chupava outro) começar a acariciá-la. Minha amiga trocou então de lugar comigo e foi como se eu não existisse. E nem é por ela ser gostosa ou eu ser feio, pois mal nos olharam. É basicamente assim: se a visão periférica vê peitos, tá aprovada, se não...

Os dois últimos quartos deste andar são os preferidos dos solteiros. A única luz vem de pequenas lâmpadas no chão para evitar acidentes e é proibido iluminar com celulares. Nesses dark rooms, as pulseiras perdem a importância e presume-se que ninguém ali dentro vai ficar escolhendo com quem interagir. É o lugar para pouco papo e muita ação. Assim que vêem uma mulher entrando, sozinha ou acompanhada, os solteiros seguem-na e suas mãos rapidamente se multiplicam. Já sobrou até pra mim... Às vezes a abordagem é cautelosa, testando até onde vai a permissão para contato, outras vezes é como as "carícias" de um adolescente virgem. O bissexualismo masculino, pouco assumido, porém mais freqüente do que se pensa, encontra aqui o seu local ideal de realização. Entretanto, quando uma luz se ascende ali dentro por qualquer motivo, todo mundo se faz de hetero. "Porra, mermão! Era você que tava me punhetando?!" "Qualé! Achei que esse pau era meu! Sai pra lá, pô!"

Putaria no dark room

Pintos errados à parte, a casa ainda tem três andares de diversão que vocês continuam conferindo na semana que vem.

Ménage à trois







o triângulo

é um polígono
de três polígamos

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Razão e Sensibilidade: a arte de pensar e sentir

Texto de Camila Oliveira originalmente publicado no Obvious. Com a permissão da autora, publico a ARTculação na íntegra e recomendo que leiam tudo que tem por lá. Quer seu texto aqui também? Escreva para sociedadedionisiaca@gmail.com.

Esse assunto é muito pertinente dentro da chamada "Era do Conhecimento", que tem como características a grande competitividade e a relação do conhecimento com a competência necessária para participar do jogo. E é justamente nesse cenário que começamos a encontrar as respostas para essa questão. A explicação, que vem da psicologia, diz que não somos capazes de absorver conhecimento mas sim de construí-lo. Em outras palavras, conhecimento não se transfere - se constrói. Então vem a pergunta infalível: como se faz isso?

A equação é simples: conhecimento = informação + sentido + afeto. Ou seja, só conseguiremos construir conhecimento se percebermos o sentido da informação e conseguirmos criar com ela algum tipo de ligação afetiva. Opa, razão e sensibilidade reunidas com um propósito comum. E o mesmo acontece no trabalho, pois a pessoa trabalha melhor pelo mesmo motivo, associando sua atividade com a percepção do valor do mesmo (sentido) e a criação de uma ligação emocional (afeto).

A literatura costuma tratar dessa questão com muita freqüência. Um dos melhores exemplos é o livro “Razão e Sensibilidade” da inglesa Jane Austen, que conta a história de duas irmãs, Elinor, a “racional”, e Marianne, a “sensível”. Durante toda a história o leitor fica curioso para saber qual das duas vai se dar melhor. Elas pertencem a uma família rica que, com a morte do pai, é obrigada a reduzir drasticamente o padrão de vida. Como as moças estão em idade de casar, percebem que agora essa missão será mais difícil, pois os “bons partidos” fatalmente se afastarão, pela falta do dote.

A sociedade inglesa da época é totalmente obcecada por status. Há um clima de vigilância sobre a condição financeira de todos, e são valorizados os sobrenomes e os títulos. É claro, as irmãs estão condenadas a sofrer muito, pois começam a encontrar resistência das famílias a que pertencem os rapazes por quem se apaixonam.


As irmãs se ajudam mutuamente e conseguem, dessa forma, suportar as vicissitudes e atingir seus objetivos. A autora deixa claro que uma depende da outra, jogando com a idéia de que todos nós somos dotados das duas qualidades mentais, a lógica e a emoção, e que ambas são importantes e complementares. Todos somos Elinor e Marianne, e é bom que assim seja na proporção adequada que cada momento exige. E o adequado é decidir racionalmente e viver emocionalmente. No entanto, é muito grande o número de vezes que agimos ao contrário disso, tomando decisões emocionais e depois tendo que viver racionalmente, até corrigir os erros das decisões inadequadas.

No final da história ficam todos felizes, menos os esnobes rancorosos. E o curioso é que a racional Elinor cede aos encantos do amor verdadeiro de Edward, enquanto a sensível Marianne dobra-se ao comportamento lógico e adequado do coronel Brandon. É a história de nossas vidas. Razão e sensibilidade são complementares e necessários, e não opostos e excludentes. Aprendemos quando percebemos o significado do que estamos aprendendo, trabalhamos melhor quando conseguimos estabelecer uma ligação afetiva com nosso trabalho. E sempre lembrando: decidir racionalmente, para poder viver emocionalmente. Jamais o contrário!

A Mardita #7